Professoras do IME realizam projeto de extensão que busca unir matemática e arte

O curta-metragem ‘Da Ordem do Inventado – Um Olhar Matemático sobre a Arte’ reuniu professores para discutir as relações entre as duas áreas

Abertura do documentário. [Imagem: Reprodução/Youtube/IME USP]

Foi lançado, em abril deste ano, o documentário Da Ordem do Inventado – Um Olhar Matemático sobre a Arte. Produzido através do Edital USP/FUSP/Santander de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão, o vídeo, gravado no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC) e usando obras do catálogo como suporte, convida o espectador a fazer uma reflexão sobre as relações entre matemática e arte.

O projeto surgiu da iniciativa de duas professoras do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME), Christina Brech e Deborah Raphael, que também assinam o roteiro e a direção do curta. A ideia surgiu por uma vontade das docentes de aproximar a matemática de um público mais amplo. “A gente estava com essa ideia de pensar no nosso trabalho, no fazer da Matemática e no fazer do artista, e tentar ver coisas em comum pegar”, conta Deborah. “Mas, no fundo, o que a gente quer falar é falar de matemática para um público amplo e usamos a arte de algum jeito para aproximar.”

Para Brech, a aparente oposição entre as duas áreas é o que chama a atenção. “A gente sempre conversa sobre como falar de matemática com público mais amplo, porque as pessoas têm uma ideia da matemática como uma ciência dura e, ao contrário, têm a ideia de arte como uma coisa leve e achamos que o trabalho do artista e do matemático tem muitas coincidências.”

E a participação de Brech não foi apenas por trás das câmeras. A docente também foi entrevistada e deu suas opiniões sobre as obras de arte pré-selecionadas do MAC, junto com os professores Pedro Tonelli, também do IME, e Rogério Monteiro, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH). 

Christina Brech é docente do IME há 13 anos e tem como principal objeto de pesquisa os Espaços de Banach. [Imagem: Arquivo Pessoal/Deborah Raphael]
As obras escolhidas para dar corpo ao documentário foram a escultura Unidade Tripartida, de Max Bill; e as pinturas Estrada de Ferro Central do Brasil, de Tarsila do Amaral, e Cabeça Trágica, de Karel Appel. “A obra do Max Bill, ele tinha uma intencionalidade matemática por trás. Também queríamos uma obra feminina e brasileira. E a terceira [Cabeça Trágica] foi a mais difícil. Ela é abstrata e difícil e deixou todo mundo de cabelo em pé, o que foi bom”, explica Deborah sobre a intencionalidade por trás da escolha de cada obra. As peças de artes fazem parte do acervo permanente do MAC, que também cedeu o espaço para as gravações.

As professoras já tinham um histórico com projetos de divulgação da matemática. Deborah Raphael é diretora da Matemateca, uma “coleção de objetos matemáticos”, segundo a docente. “A gente inventa objetos que transmitam alguma ideia matemática, mas sem o peso da linguagem matemática”, conta. “Esse é o nosso maior problema. A nossa linguagem é tão pesada. Fazemos coisas lindas mas para as pessoas acharem isso elas precisam aprender a língua.”

Um dos objetos da Matemateca, em exposição temporária no Bloco B do IME. [Imagem: Arquivo Pessoal/Ana Mércia Brandão]
O documentário suscita reflexões sobre a própria natureza da matemática. “Em alguma medida a gente está mais perto da filosofia do que das ciências naturais em certos aspectos da nossa ciência”, pondera Brech. “A matemática também tem um aspecto de criação, não é só instrumental. E as pessoas não gostam geralmente  de matemática, mas ela é tão útil. Então nós temos que aproximar as pessoas dessa ciência.”

O curta Da Ordem do Inventado – Um Olhar Matemático sobre a Arte está disponível no Youtube.

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