Jogos de tabuleiro: no IGc, doutorando usa ferramenta inusitada para promover a geoconservação

Trabalhos foram iniciados em 2022 e visam disponibilização dos jogos para estudantes do ensino básico e médio

Tabuleiro do famoso jogo Catan, no qual os jogadores precisam gerenciar recursos como, por exemplo, pedras. (Créditos: Reprodução)

A preservação ambiental e o uso sustentável de recursos naturais são preocupações em todo o mundo. Para garantir a promoção dessas práticas, profissionais de diferentes áreas do conhecimento têm se dedicado a buscar formas de integrá-las às vidas das pessoas, com as geociências não é diferente. 

O pesquisador Eduardo Profeta de Ramos Araújo trabalha justamente com essa noção. Em sua tese de doutorado em Mineralogia e Petrologia, iniciada em 2022 no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP), Eduardo buscou uma ferramenta com a qual muitos já tiveram contato: os jogos de tabuleiro. 

Na pesquisa do doutorando, esses jogos têm o potencial de se tornarem métodos inovadores, capazes de despertar interesse pelas geociências e por tópicos de conservação ambiental em estudantes da educação básica. A ludicidade e a interatividade proporcionada por eles, segundo Eduardo, são capazes de promover a compreensão de conceitos geológicos e ambientais bastante complexos até para adultos. 

“Desde os tempos da graduação, no curso de Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental, aqui mesmo na USP, tenho percebido que poderia alcançar maior eficácia em práticas e percepções em geoconservação, por meio do uso de jogos de tabuleiro”, contou o pesquisador em entrevista à Agência Universitária de Notícias (AUN).

Embora ainda esteja em um estágio relativamente inicial de produção, Eduardo tem planos traçados para como deseja conduzir o trabalho: escolas públicas e particulares estão no foco da pesquisa. Em relação ao método, jogos de memória ou de “caminho” e “trilha” são fortes candidatos.

“Meu projeto de pesquisa contempla a criação e posterior aplicação de jogos de tabuleiro com a participação efetiva de escolares do 6º ano do ensino fundamental, com possibilidade de expansão para estudantes da 1ª série do ensino médio, devido à similaridade entre os temas dos dois currículos”, explica Eduardo.

O doutorando, que também é mestre em Ensino e História de Ciências da Terra pela Unicamp, afirma que “os jogos de tabuleiro têm um potencial imensurável para despertar o interesse dos estudantes e proporcionar experiências de aprendizado marcantes”. 

Um dos objetivos da pesquisa é justamente o de afirmar o uso dos jogos como uma abordagem que transcende a sala de aula tradicional, capacitando os participantes a compreender processos naturais complexos e desenvolver habilidades de resolução de problemas.

“Minha pesquisa pretende coletar dados qualitativos que possam servir de base para pesquisas futuras, estimulando projetos que talvez sejam capazes de influenciar políticas públicas na área da educação”, diz Eduardo. 

Após a conclusão do trabalho, o pesquisador torce para que os jogos criados sejam disponibilizados à sociedade e cheguem às escolas, ajudando na abordagem de temas cotidianos dos alunos e contribuindo para a melhoria do ensino das Geociências na educação básica. 

No longo prazo, Eduardo espera que isso culmine em práticas efetivas de geoconservação. “Não consigo imaginar que, em um país com tamanha geodiversidade, o destino desse trabalho seja alguma prateleira virtual”, conclui o doutorando.

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