Cerveja artesanal traz benefícios à saúde

Estudo utiliza cajá na fermentação de bebida com propriedades probióticas

Fermentação da cerveja produzida pela FCF conta com o cajá [Imagem: Reprodução/Pixabay]

A cerveja artesanal tem conquistado consumidores no mercado interno brasileiro por seus sabores complexos e experiência refinada de consumo. A partir deste crescimento, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) descobriram que a bebida pode trazer benefícios à saúde com a adição do cajá como ingrediente.

O estudo Cerveja Azeda com Lacticaseibacillus paracasei subsp. paracasei F19: Viabilidade e Influência da Suplementação com Spondias mombin L. Suco e/ou subproduto, de Marcos Herkenhoff com orientação de Susana Saad, utiliza o cajá na produção da cerveja artesanal Catharina sour com o objetivo de realçar as propriedades probióticas da bebida, como a melhora na flora intestinal. 

A Catharina sour foi reconhecida por um órgão de classificação de estilos de cerveja em 2016 como o primeiro estilo de cerveja fabricado no Brasil. Seu diferencial é definido pela adição de frutas frescas no processo de fermentação e seu sabor azedo, de acordo com o pesquisador. 

O estudo avaliou alterações no aroma, sabor e textura decorrentes da adição do cajá no processo de fermentação a partir de quatro formulações: controle, com polpa, com suco, e com polpa e suco. Embora os resultados tenham apontado que a fórmula controle tenha odores e sabores mais identificados, aquela com polpa e suco exibiu aroma mais acentuado.

Benefícios para a saúde

Herkenhoff explica que, apesar de serem necessários outros ensaios clínicos de fermentação, as cepas bacterianas tiveram uma boa adaptação na cerveja com a adição do cajá, seja como polpa, seja como suco. “Podemos assumir que algumas das cepas têm relação positiva com o controle da obesidade e outros benefícios à saúde”, declarou.

A cerveja elaborada na pesquisa também pode ser atrativa por ter menor teor de carboidratos do que as cervejas comuns devido à sua fermentação mista: uma lática com o uso de bactérias ácido-láticas (BAL) e outra alcóolica por uma levedura cervejeira. É este processo que gera a acidez característica das cervejas artesanais brasileiras.

A sobrevivência bacteriana e o desenvolvimento da cerveja com propriedade probióticas benéficas à saúde dependem de um teor alcóolico moderado. Herkenhoff aponta que o grupo de pesquisa “está trabalhando no desenvolvimento de sours sem álcool” e que mais estudos devem ser realizados avaliação da viabilidade das BAL durante a digestão e seus benefícios para a saúde.

Crescimento do mercado

Segundo dados do Anuário da Cerveja 2022, documento elaborado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o mercado de cervejas artesanais teve crescimento no Brasil no último ano. O relatório revela a inauguração de 180 novas fábricas do setor, um aumento equivalente a 11,6% em comparação a 2021.

Gráfico de barras exibe crescimento no número de cervejarias registradas de 2000 a 2022
Gráfico mostra crescimento no total de estabelecimentos registrados anualmente, desde 2000 [Imagem: Reprodução/MAPA/SDA]
“Desde o surgimento dela [Catharina sour], que foi em 2016, o número de cervejarias produzindo esse estilo aumentou, não somente em seu estado de origem, que é Santa Catarina, mas também em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, que representam a maior fatia na produção de cervejas artesanais”, informa Herkenhoff.

O anuário indica que o estado com maior número de cervejarias registradas ao final de 2022 é São Paulo, com 387. Minas Gerais ultrapassou Santa Catarina como a terceira maior produtora da bebida no país, enquanto a região Norte teve um crescimento de 20%  em comparação com o ano anterior. No total, o Brasil registra 1.729 cervejarias.

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