Escola de Aplicação enfrenta pandemia com apoio de sua comunidade escolar

Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP. Crédito: Museu da Resistência

A Escola de Aplicação (EA) tem uma trajetória longa dentro da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). A instituição funciona como um espaço de aplicação de conhecimentos da área da Educação desde 1958, estabelecida em um convênio com a UNESCO. A Escola de Aplicação está localizada dentro do Campus da Cidade Universitária, no Butantã, em São Paulo. Quando os alunos ingressam na EA, recebem um registro da Universidade que pode acompanhá-los até o momento que reingressam na Faculdade, no Ensino Superior. O ingresso na Escola de Aplicação é destinado aos filhos de funcionários da Universidade e também à comunidade externa.

Formadas pela FE-USP, as professoras Marlene Isepi e Maria de Fátima Parreira fazem parte da Diretoria da Escola de Aplicação desde 2018 e conversaram com a Agência Universitária de Notícias sobre a trajetória e ações da gestão da instituição, desde o começo da pandemia.

Escola de Aplicação no contexto da pandemia

No início de 2020, a escola respondeu de forma relativamente rápida à pandemia. Na semana entre os dias 16 e 20 de março, os alunos deixaram de frequentar presencialmente a Escola. E no dia 23 de março, iniciaram-se as atividades remotas. A Escola de Aplicação reorganizou a carga horária e passou a utilizar ferramentas online para a aplicação das atividades, como o Google Classroom.

As alunas de terceiro ano do Ensino Médio na Escola de Aplicação, Giulia Natal e Giulia Diaz, contam como foi a experiência escolar neste cenário de pandemia. “No começo [da pandemia] as coisas ficaram um pouco confusas. Depois começamos a ter mais aulas, ainda que menos e também piores do que antes. Mas tínhamos uma organização’, comentam as alunas.

A comunidade escolar heterogênea e a união entre os setores da escola se mostraram como uma das grandes forças positivas que auxiliaram a instituição a agir na pandemia. Além dos professores e da Associação de Pais e Mestres, o Grêmio também somou aos esforços da Escola de Aplicação para enfrentar da melhor forma possível esta situação. Giulia Diaz está na escola desde o início de sua trajetória escolar e reforça esse sentimento: “Eu enxergo a escola como uma comunidade. Já passamos por muita coisa, com passeatas pela escola”, destaca ela.

Marlene Isepi e Maria de Fátima destacam que o êxito da Escola foi de mobilizar campanhas, juntamente à outras entidades estudantis e da própria graduação da Faculdade. Em uma parceria com a Associação de Pais e Mestres, a escola desenvolveu a campanha EA Conectada. O principal objetivo foi o de arrecadar recursos e equipamentos para fornecer condições de acesso aos alunos da escola.

Marlene afirma que foi necessário o auxílio da iniciativa privada, já que os recursos recebidos não eram suficientes para tender a demanda. O kit anual de internet firmado nas parcerias de 2020 venceu no mês de junho e já foi feita outra parceria para que o auxílio seja prorrogado.

A Escola de Aplicação também protagonizou a iniciativa EA Solidária. A ação visa auxiliar famílias que tiveram sua renda prejudicada na pandemia com privação de recursos. A organização colabora com a entrega de cestas básicas e pagamento de contas para as famílias da comunidade escolar.

Planejamento do retorno ao ensino presencial

As diretoras comentam que a volta ao ensino presencial é meticulosamente pensada pela escola e vem sendo planejada desde o ano passado.

Giulia Diaz, no entanto, relata uma falha na comunicação da instituição com os alunos. “Aconteceu uma falha, durante a pandemia a gente não sabia se havia alguma perspectiva de volta. Agora temos alguma noção”, revela.

A atual proposta da Coordenação da Escola de Aplicação afirma que em um primeiro momento a maior preocupação é o acolhimento dos alunos que retornarão às aulas. O intuito é que os alunos que venham à escola tenham 2 horas de aula semanais, mas que possam ter um pouco de interação com o corpo de professores. Já a segunda etapa, consiste em um retorno mais frequente, com mais idas à escola e mais horas de aula.

Giulia Natal e Diaz comentam que entre os alunos, os sentimentos sobre o retorno estão divididos. Elas afirmam que, por estarem no último ano do Ensino Médio, têm uma vontade grande de ter um mínimo de interação com seus colegas. “Estar longe é muito difícil. E não estamos tendo conteúdo suficiente para prestar o vestibular”, comenta.

Giulia Natal e Giulia Diaz fazem parte do grêmio da EA e têm como foco seus desempenhos nos vestibulares no terceiro ano do Ensino Médio. As estudantes afirmam que, ainda que o conteúdo tenha sido adaptado, a carga horária não dá conta de abordar os conteúdos necessários para a garantia de um bom desempenho nos exames.

O professor da FE-USP, Roberto da Silva, afirmou em entrevista à Agência Universitária de Notícias que será necessário repensar toda a dinâmica de aprendizagem dentro das escolas no retorno ao método presencial. “Podemos dizer que a nova dinâmica pensada na pandemia foi substituir tudo pelas máquinas e abandonar o humano. Agora no retorno, precisamos resgatar o humano. O aprendizado está justamente na troca. É necessário repensar como realizar essas trocas”, comenta o especialista.

“Não devemos pensar que teremos que reconstruir os ‘vidros quebrados’ para retornar ao que se tinha antes da pandemia. Teremos que fazer alguma coisa nova a partir do que já aconteceu”, afirma Marlene. A diretora afirma que a maior preocupação da escola é a de conseguir atender da melhor forma às necessidades dos alunos.

Durante a paralisação, a Faculdade de Educação passou por algumas reformas estruturais — algumas já planejadas, e outras voltadas para promover menos riscos de contágio do Coronavírus. Marlene Isepi comenta que foram feitas reformas nas janelas das salas de aula, o que possibilita que fiquem mais abertas, permitindo a passagem do ar.

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