Obesidade mórbida causa perda da sensibilidade na sola dos pés

Estudo detecta que tal condição pode gerar quedas

(Imagem: Reprodução/Freepik)

Estudo realizado por pesquisadores da Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP revela que mulheres com quadro de obesidade mórbida (IMC > 40 kg/m2) apresentam déficit de sensibilidade nas solas dos pés, o que pode gerar perda no equilíbrio, possíveis quedas e menor autonomia de maneira geral. 

De acordo com Jair Wesley Ferreira Bueno, pesquisador envolvido no estudo, a motivação para a pesquisa surgiu por “lacunas existentes na literatura” em relação ao tema. O pesquisador produziu dois artigos sobre a temática. O primeiro, Associações entre o status de obesidade das mulheres e sensibilidade cutânea diminuída nas regiões da sola do pé, estudou a diminuição da sensibilidade na sola dos pés das mulheres obesas em comparação com mulheres que apresentam o Índice de Massa Corporal (IMC) considerado normal. 

Nesse caso, 13 mulheres com obesidade mórbida e 13 com status de peso magro participaram do estudo. Para a metodologia, foram utilizados seis monofilamentos Semmes-Weinstein, que são fios de nylon de mesmo comprimento, mas largura e grama-força (gf) distintas. Quanto mais gf, maior a pressão no contato.

Com isso, os monofilamentos foram pressionados contra as solas das participantes, em ordem crescente de gf e em diferentes regiões da sola dos pés, incluindo os dedos, a cabeça dos metatarsos (ponta dos osso que ligam a parte posterior com os dedos), o mediopé interno (parte do meio do pé, formada pelos ossos cubóide, cuneiformes e navicular), os arcos laterais (parte de fora do pé, composta pelo osso cubóide, pelo calcâneo, e pelo quarto e quinto metatarso) e o calcanhar.

“Para análise estatística, transformamos as diferentes cargas dos monofilamentos em escores que variam de 1 a 6, do mais fino ao mais grosso. Ou seja: 0.05 gf = 1; 0.2 gf =2; 2 gf = 3; 4 gf = 4; 10 gf = 5; 300 gf = 6)”, explica Wesley. Dessa forma, os monofilamentos foram aplicados nas diferentes regiões nas solas dos pés e, conforme a quantidade de gf necessária para as mulheres sentirem a pressão na região, um escore foi criado para comparar os dois grupos. 

Ao final, foi constatado uma significativa diferença de sensibilidade entre os grupos. Variando em relação às áreas que sofreram pressão, a maior diferença foi no arco lateral do mediopé, com 76%, e a menor no hálux (dedo grande do pé), com 18% de diferença sensorial.

“Existe uma fila de espera de mulheres que aguardam por cirurgia bariátrica no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Então, nós selecionamos as mulheres a partir dessa fila. Porém, sugerimos que nossas conclusões podem se aplicar a ambos, mulheres e homens”.

Em consequência da menor sensibilidade, pessoas que sofrem de obesidade mórbida possuem menor controle do balanço corporal, o que pode implicar na perda de equilíbrio e em possíveis acidentes como quedas. No segundo artigo publicado, Associação da sensibilidade da sola do pé com equilíbrio corporal estático e dinâmico em mulheres obesas mórbidas, a pesquisa foi além e estudou como essa perda de sensibilidade afeta no equilíbrio estático em postura ereta e em equilíbrio dinâmico. De acordo com os resultados da pesquisa, apesar de possivelmente afetar o equilíbrio postural, a redução da sensibilidade parece não resultar em consequências no controle dinâmico do equilíbrio.

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