As Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC) são uma problemática estudada em todo o mundo, sendo consideradas o tipo de infecção relacionada à assistência à saúde de grande relevância na produção científica global. Apesar disso, ao se tratar de ISC em casos de transplante de fígado, a literatura acadêmica não é tão extensa assim. Pelo contrário: além de ser pouco explorada, ainda há ausência de consenso sobre quais são as variáveis que podem contribuir para a ocorrência de ISC nesses casos. Esses foram alguns dos motivos que levaram Ramon Antônio Oliveira a desenvolver sua dissertação de mestrado, intitulada Fatores de risco para infecção do sítio cirúrgico em transplante de fígado: coorte histórica.
Um outro fator que motivou a escolha do tema do estudo foi a distinção entre o transplante de fígado e outros tipos. Esse só é indicado para o tratamento de doença hepática terminal, para a qual não se dispõe de nenhuma outra forma de intervenção ou quando a qualidade de vida é inaceitável. “Portanto, a escolha do tema deu-se em resposta à necessidade de redução desta complicação com potencial piora significativa do estado de saúde de pacientes gravemente enfermos”, explica o pesquisador.
Em sua pesquisa, Ramon investigou 156 prontuários, todos de pacientes adultos submetidos ao transplante de fígado entre os anos de 2009 e 2015, com o intuito de analisar a incidência e os fatores de risco para o desenvolvimento da ISC. Desses 156, 42 (26,9%) pacientes apresentaram ISC, incidência um pouco maior do em populações de outras pesquisas, sendo 38 deles do sexo masculino. Embora outras pesquisas apontem as diferenças de sexo e idade (a partir de dez anos) entre receptor e doador como um fator de risco considerável, isso não foi observado nos resultados desse estudo.
Sobre a importância do profissional de enfermagem para o estudo dessa temática, Ramon reforça que o envolvimento assistencial do enfermeiro segue uma longa trajetória, desde o acompanhamento clínico a candidatos ao transplante em lista de espera, passando pelo cuidado perioperatório e chegando, enfim, até a prestação de cuidado ambulatorial ao paciente transplantado. “Por conta disso, o enfermeiro tem grande potencial para contribuir com a otimização da assistência e a obtenção de melhores resultados dos transplantes de órgãos; bem como com o fortalecimento da pesquisa acadêmica nesta área”.
A pesquisa completa pode ser acessada a partir desse link.
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