Teste Rápido de Diagnóstico do HIV é incorporado com sucesso nas Unidades Básicas de Saúde de São Paulo

Pesquisa da Escola de Enfermagem (EE-USP) indica avanços no estabelecimento do Teste, que permite o diagnóstico rápido do vírus do HIV

O Brasil tem enfrentado uma preocupante epidemia de HIV. Segundo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), a situação está em seu estado mais grave desde 1981. Nesse contexto, o Teste Rápido de Diagnóstico (TRD) do HIV se mostra como uma ferramenta preciosa no combate ao vírus, sendo um mecanismo de facilmente implantado e de resultado rápido. Isso é reforçado na pesquisa de Fernanda Abdalla, que analisou as condições de vulnerabilidade das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de São Paulo quanto à implementação do teste. Em tese de doutorado para a EE-USP, Abdalla levanta quais são os principais avanços das UBS do município nessa questão – mas, também, quais problemáticas ainda precisam ser superadas.

A pesquisa de Fernanda tem especial relevância para a luta contra a epidemia do HIV, uma vez que o TRD realiza o diagnóstico do paciente em poucos minutos e em locais em que não há a necessidade de grande infraestrutura. Assim, “o usuário fica sabendo do seu resultado rapidamente e pode acessar os serviços de saúde o mais breve possível para o cuidado”, comenta a doutora. O teste também aumenta as chances da ocorrência de diagnósticos precoces, permitindo ao paciente um bom prognóstico e um caminho terapêutico melhor. Além disso, o diagnóstico antecipado impede proliferações virais resultantes dos casos em que o indivíduo desconhece que é portador do HIV.

A linha de pesquisa de Abdalla se baseia no conceito de Vulnerabilidade Programática – em outros termos, busca identificar o quanto os serviços de saúde estão qualificados para a demanda de saúde da população. No caso específico desse tema, a análise se volta para os recursos necessários para a implantação do TRD do HIV nesses serviços. Pouco mais de um terço das UBS do município de São Paulo participaram do estudo (176 unidades). Todas essas foram capacitadas para realizar o Teste Rápido de Diagnóstico e, dessas, 145 afirmam ter incorporado o teste na rotina dos serviços, o que corresponde a 82,4% das unidades participantes. O número é alto, considerando que quase todas as capacitações foram feitas entre 2013 e 2015 e o estudo é de 2016. “A maioria das UBS apresentam graus médio e baixo de vulnerabilidade nos quesitos de recursos materiais e humanos, e os profissionais de saúde sentem-se aptos para realizar esta tarefa. Ou seja, apesar de apresentarem vulnerabilidades, as UBS, de modo geral, conseguiram incorporar o TRD do HIV em sua rotina.”

Muito embora a implementação do TRD tenha sido predominantemente bem sucedida, ainda há diversos empecilhos que impedem seu funcionamento pleno nas UBS paulistanas. Embora o resultado do teste fique pronto em 15 minutos, é fundamental que haja um aconselhamento prévio entre o profissional e o usuário – ou seja, uma conversa para se discutir sobre situações de risco, sobre como prevenir a infecção e para refletir sobre os possíveis resultados que possam aparecer. “Esse aconselhamento é uma tecnologia leve que exige um tempo para ser realizada, em torno de 40 minutos. Então, para realizar o aconselhamento e o teste rápido o profissional de saúde precisa ter tempo para dedicar-se a esta atividade”, aponta a doutora.

O diagnóstico é feito entre 40 e 50 minutos e conta com duas etapas: primeiro, o aconselhamento e, depois, o Teste Rápido de Diagnóstico do HIV
Imagem: Reprodução

Dessa forma, o TRD, que, mesmo com a etapa do aconselhamento, ainda é um dos métodos de diagnóstico de HIV mais rápidos, acaba requerendo uma quantidade considerável de tempo do profissional – algo que pode ser escasso, a depender da unidade de saúde. Um outro problema observado pela pesquisa de Fernanda é a ocasional falta de recursos materiais, ou seja, falhas no fluxo de solicitação e principalmente de envio do TRD do HIV em si.

O estudo também mostrou que o enfermeiro é o profissional de saúde que mais recebeu capacitação (88,8%) e que mais realiza o teste em questão (92,1%). Isso mostra como é importante que outros profissionais da área dividam o exercício dessa função, considerando que o enfermeiro é sobrecarregado por inúmeras outras atividades, como as assistenciais, administrativas e as da área de gerência.

No link abaixo, é possível visualizar todas as Unidades Básicas de Saúde de São Paulo que realizam o Teste Rápido de Diagnóstico do HIV, junto a seu endereço, telefone, horário de funcionamento e outros testes realizados no local:

http://www3.crt.saude.sp.gov.br/fiquesabendo/sao_paulo.php?sub=TODAS

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*