Campanha de doação arrecada mais de 5 mil dentes em cinco anos

Ação da Faculdade de Odontologia da USP também busca divulgar seu uso em atividades de ensino e pesquisa

Animação mostra menina de cabelo ruivo e vestido branco com uma varinha em suas mãos, ao lado de um bicho com olhos grandes que segura um pequeno saco branco.
Vídeo da campanha é protagonizado pela Fada do Dente e seu ajudante, Dennis. [Imagem: YouTube/Reprodução]

Em abril de 2019, a Faculdade de Odontologia da USP (FO) lançou a campanha O Endereço da Fada do Dente. A ação é voltada às crianças e procura incentivá-las a fazerem doações para o Banco e Biobanco de Dentes Humanos (BDH) da Universidade. Desde então, a iniciativa reuniu ao menos 5.339 órgãos, segundo dados da própria instituição.

Os números, obtidos com exclusividade pela Agência Universitária de Notícia AUN, mostram que a “Fada” levou 279 dentes para o Biobanco de janeiro a abril deste ano. Entre 2019 e 2023, a entidade registrou 5.060 doações, realizadas tanto por adultos quanto por crianças. Todas são utilizadas em atividades organizadas pela Faculdade de Odontologia.

Para José Carlos Imparato, professor da FO e coordenador do BDH, a razão por trás da campanha da “Fada” é a conscientização sobre a doação de órgãos em geral. “O ponto principal quando você fala de doação de dentes é fazer com que as pessoas entendam o dente como um órgão e vejam a possibilidade de doar um órgão em vida”.

Gabriela Ferreira, estagiária da instituição, explica que, apesar de a ação ter como alvo o público infantil, não são aceitos apenas dentes de leite, conhecidos tecnicamente como decíduos. “Já recebemos permanentes, principalmente os terceiros molares, que são os dentes do siso”, comenta. Alguns deles são extraídos nas próprias clínicas da faculdade.

Diversos tipos de dentes dispostos em uma bandeja cinza.
Enquanto o Banco de Dentes armazena órgãos fornecidos por doadores anônimos, o Biobanco guarda aqueles doados após a assinatura de um termo de consentimento. [Imagem: Marcos Santos/USP Imagens]

O destino dos dentes

Os órgãos fornecidos ao BDH são utilizados tanto em disciplinas da Faculdade de Odontologia quanto em pesquisas científicas. De acordo com José Carlos Imparato, por mais que já existam tecnologias para a produção de dentes artificiais, muitas das atividades ainda precisam de materiais naturais para obter resultados mais fidedignos. 

Essa necessidade fica clara nos testes de produtos, carros-chefes das pesquisas na instituição. “[Nós vemos] como é que esses materiais se adaptam às estruturas dentárias ou como eles reagem quando eles são colocados em humanos”, pontua o professor. Alguns estudos na área estão relacionados ao vedamento do dente após uma restauração, o que evita o surgimento de microinfiltrações, por exemplo.

Na visão de Gabriela Ferreira, a possibilidade de poder ajudar a ciência brasileira é o maior estímulo para a doação de órgãos. “Não tem incentivo melhor do que esse, né? O dente que poderia ir parar no lixo pode vir para somar, para fazer muita diferença”, enfatiza.

Como doar

Quem deseja participar da campanha O Endereço da Fada do Dente pode entrar em contato com o BDH pelas redes sociais (@bdh_fousp) ou acessar o site da ação. As contribuições são feitas a partir da assinatura de um termo de consentimento e são rastreáveis, ou seja, o doador pode ser comunicado sobre qual será o uso do dente caso queira.

Sobre Nícolas Dalmolim 1 Artigo
Estudante de Jornalismo na ECA-USP. Diretor de política, economia e sociedade na Jornalismo Júnior. Repórter da AUN no primeiro semestre de 2024.

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