Evento no Instituto de Relações Internacionais rememora os 60 anos do golpe

Seminário promoveu debate a partir de uma perspectiva histórica comparada acerca do tema da ditadura militar

Imagem de capa: Wikimedia Commons 

Em março deste ano o Núcleo de Apoio e Cultura sobre a Comissão Nacional da Verdade Brasil (CNV-Brasil) da USP promoveu, no Instituto de Relações Internacionais da universidade, o seminário 1964-2024: A Ditadura Brasileira em Perspectiva Histórica e Comparada. O evento reuniu pesquisadores nacionais e internacionais de todos os níveis. Foram convidados especialistas no estado do processo da ditadura militar no Brasil e nos demais países latinos, a fim de promover uma discussão historiográfica comparada por meio de mesas, conferências, exibição de filmes e painéis de trabalho.

O seminário foi dividido em cinco eixos temáticos: Ditaduras e a Guerra Fria latino-americana, Autoritarismo e repressão de Estado, Ditadura e a vida cultural, Sociedade civil e A ditadura no pós-ditadura e a justiça transicional. A historiadora e pesquisadora do CNV, Fernanda Abreu, conta que o evento teve um planejamento extenso e foi pensado para, além da apresentação de pesquisas, trazer novas perspectivas sobre o tema de forma a relembrar um fato histórico de tamanha importância. “Cabe a nós, na sociedade civil e especialmente na universidade pública, manter esse trabalho de memória”.

Conferência 3 – Transição, democracia e novas direitas: quebra-cabeças para montar. Foto: Sofia Zizza

A escolha dos pesquisadores e história comparada 

Fernanda conta que a escolha dos pesquisadores se deu pela relevância de suas pesquisas acerca do tema. Ela cita os três conferencistas, pesquisadores com posição de maior destaque no evento, como exemplos. “A Marieta Ferreira da UFRJ, o James Green da Brown University e a Marina Franco da Universidade San Martin são grandes nomes muito bem conceituados no tema”. As conferências eram palestras com duração aproximada de  50 minutos, nas quais os convidados apresentaram dados sobre seus temas de pesquisa. James Green, por exemplo, trouxe uma conferência sobre o papel do movimento LGBTQIA+ na ditadura e no processo de redemocratização. Já Marina Franco falou sobre a transição democrática e o avanço da extrema direita na Argentina. Durante a palestra, ela fez um comparativo de várias das ditaduras da américa latina e seus pontos de convergência e divergência no processo de redemocratização. 

Fernanda Abreu fala sobre a necessidade de se fazer e discutir história comparada. “Temos muito a aprender com a história dos nossos vizinhos e com a nossa. Podemos entender o que houve aqui que não houve lá e vice versa”. Ela cita como exemplo a Operação Condor, articulação de várias ditaduras do cone sul para investigarem e perseguirem os chamados subversivos. “Além disso, houve muita inspiração de um lado para o outro. Muitos agentes que saíam do Brasil iam para Argentina, da Argentina para o Chile,  do Chile para o Uruguai e do Uruguai para o Brasil”.

O Nace CNV Brasil 

Foto: Reprodução site Nace CNV

 

O CNV Brasil é um núcleo de cultura e extensão que coleta, sistematiza e difunde documentos e informações das atividades realizadas pela Comissão Nacional da Verdade. O órgão funcionou no Brasil de maio de 2012 a dezembro de 2014, com o objetivo de investigar graves violações de direitos humanos ocorridas no contexto da ditadura. Atualmente o professor Pedro Dallari, diretor do Instituto de Relações Internacionais, coordena o núcleo, fazendo com que esse se sedie no IRI no momento. O núcleo tem o objetivo de ampliar um acervo de documentos do escopo da ditadura militar, a fim de democratizar o acesso e conscientização da população.

 

 

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