Anelídeo marinho utiliza emissão de luz como defesa

Entenda como funciona o processo de bioluminescência, e sua importância para o anelídeo Harmothoe sp.

Harmothoe sp. coletado no litoral brasileiro [Foto: Álvaro Migotto, Anderson G. Oliveira e Gabriela V. Moraes]

Defendida no Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP), a tese de doutorado “Bioluminescência, fotoproteínas e função ecológica da poliqueta Harmothoe sp” de Gabriela Verruck de Moraes, estuda o processo de bioluminescência, sua função e importância no caso da poliqueta Harmothoe. O anelídeo marinho estudado está localizado no litoral brasileiro, geralmente debaixo de rochas, e se destaca por utilizar a emissão de luz como mecanismo de defesa. 

Em entrevista para a Agência Universitária de Notícias (AUN), Gabriela explica que devido ao tamanho do organismo 2 a 3 centímetros e localização, o estudo sobre sua função no ecossistema é dificultado. “A maior parte das pessoas nem conhece esse organismo que estudo (Harmothoe) porque ele é muito ‘pequenininho’, fica embaixo de rochas, então é bem difícil de ver. O que a gente sabe é que de alguma forma ele tem uma participação no ecossistema, que é bem sensível a flutuações de poluição, por exemplo, e o que mais minha área consegue estudar é a função da bioluminescência para esse animal”.

Bioluminescência como defesa 

Segundo o Laboratório de Bioluminescência Marinha do IO, bioluminescência é o processo de emissão de luz fria e visível por seres vivos. Esse fenômeno pode ocorrer em diversos tipos de organismos com destaque para os marinhos , com diferentes emissões de cores e propósitos distintos. Como os estudos são recentes, Gabriela explica que diversos sistemas bioluminescentes ainda estão sendo descobertos e analisados: “É um fenômeno com muitas funções diferentes, varia para cada espécie. A natureza é realmente impressionante”.

Exemplo de Bioluminescência produzida por dinoflagelados, que são organismos unicelulares [Imagem: Reprodução/Flickr]
Essa emissão de luz não gera calor e ocorre a partir da união de elementos químicos, chamados de luciferina (molécula emissora de luz) e luciferase (enzima). A reação desses elementos com oxigênio resulta na bioluminescência. No caso da poliqueta Harmothoe, Gabriela explica que o anelídeo utiliza esse sistema para se defender de predadores ao iluminar e posteriormente destacar uma escama com emissão de luz verde. “A gente sabe que ele (Harmothoe) solta essa escama, e o predador fica distraído com a luz”, acrescenta. 

Após destacar suas escamas, a poliqueta consegue fugir e regenerá-las. Em relação ao processo de desenvolvimento da tese, a pesquisadora conta que fez trabalho de campo na base de São Sebastião (Cebimar USP). “A gente fazia bastante trabalho de campo até que ela (poliqueta) desapareceu da área, porque essa região de coleta fica ao lado do porto de São Sebastião, e toda região de porto passa por um processo chamado dragagem”, relata Gabriela. Esse processo retira os sedimentos do fundo do mar para os navios conseguirem passar, o que afeta o ecossistema e, consequentemente, a vida marinha. 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*