
Defendida no Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP), a tese de doutorado “Bioluminescência, fotoproteínas e função ecológica da poliqueta Harmothoe sp” de Gabriela Verruck de Moraes, estuda o processo de bioluminescência, sua função e importância no caso da poliqueta Harmothoe. O anelídeo marinho estudado está localizado no litoral brasileiro, geralmente debaixo de rochas, e se destaca por utilizar a emissão de luz como mecanismo de defesa.
Em entrevista para a Agência Universitária de Notícias (AUN), Gabriela explica que devido ao tamanho do organismo – 2 a 3 centímetros – e localização, o estudo sobre sua função no ecossistema é dificultado. “A maior parte das pessoas nem conhece esse organismo que estudo (Harmothoe) porque ele é muito ‘pequenininho’, fica embaixo de rochas, então é bem difícil de ver. O que a gente sabe é que de alguma forma ele tem uma participação no ecossistema, que é bem sensível a flutuações de poluição, por exemplo, e o que mais minha área consegue estudar é a função da bioluminescência para esse animal”.
Bioluminescência como defesa
Segundo o Laboratório de Bioluminescência Marinha do IO, bioluminescência é o processo de emissão de luz fria e visível por seres vivos. Esse fenômeno pode ocorrer em diversos tipos de organismos – com destaque para os marinhos –, com diferentes emissões de cores e propósitos distintos. Como os estudos são recentes, Gabriela explica que diversos sistemas bioluminescentes ainda estão sendo descobertos e analisados: “É um fenômeno com muitas funções diferentes, varia para cada espécie. A natureza é realmente impressionante”.
Após destacar suas escamas, a poliqueta consegue fugir e regenerá-las. Em relação ao processo de desenvolvimento da tese, a pesquisadora conta que fez trabalho de campo na base de São Sebastião (Cebimar – USP). “A gente fazia bastante trabalho de campo até que ela (poliqueta) desapareceu da área, porque essa região de coleta fica ao lado do porto de São Sebastião, e toda região de porto passa por um processo chamado dragagem”, relata Gabriela. Esse processo retira os sedimentos do fundo do mar para os navios conseguirem passar, o que afeta o ecossistema e, consequentemente, a vida marinha.
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