Tratamentos com laser ajudam a controlar dores na face

Uso de laser no combate a dores orofaciais já é realidade na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo

Incômodo da dor orofacial. Fonte: Canva

Sentir dor é algo comum em fases da vida. Independente da faixa etária, em algum momento, pessoas já se queixaram de dores físicas. 

As dores podem ser tanto agudas, pontuais, curáveis, que possuem tratamento e são alertas do corpo humano; quanto crônicas, aquelas persistentes, que duram mais de três meses e são agravadas com o tempo. O que elas têm em comum é que ambas são desconfortáveis e afetam a qualidade de vida.

Entre elas, existem as dores orofaciais, aquelas que, segundo o pesquisador colaborador do Laboratório Especial de Laser em Odontologia (LELO) da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), Fernando Carvalho, “envolvem os músculos da face e a articulação entre a mandíbula e a cabeça”. Provenientes da Disfunção da Articulação Temporomandibular (DTM), elas costumam causar incômodos, como dores na cabeça, na face, na mandíbula e no ouvido (principalmente ao mastigar), restrição na abertura de boca, enxaqueca e, até mesmo, desconforto atrás dos olhos.

Pesquisa estuda o uso do laser em dores orofaciais

O pesquisador Fernando Carvalho, junto à Patrícia Freitas, Professora Associada ao Departamento de Dentística da FOUSP e co-responsável pelo Laboratório Especial de Laser em Odontologia (LELO), desenvolveram uma pesquisa para tratar dores orofaciais usando, isoladamente, lasers de baixa potência. O tratamento é indolor, de baixo custo e a primeira percepção dos pacientes é a sensação de alívio ou desaparecimento da dor, mesmo em casos de dores crônicas.

Pesquisas sobre o uso de laser para o controle de dores faciais já tinham sido exploradas pela Agência Universitária de Notícias (AUN), quando pesquisadores utilizaram ratos para realizar os testes. No estudo realizado pelos professores do LELO, cerca de 150 participantes humanos foram inseridos na pesquisa, gerando resultados muito satisfatórios: o laser de baixa potência é “capaz de acelerar o processo de cicatrização, modular a inflamação e controlar a dor”, ressaltou Patrícia, em entrevista para a AUN. 

Procedimento a laser sendo realizado. Fonte: Fernando Carvalho

O protocolo embasado para o tratamento considera as particularidades usadas, como número de pontos irradiados pelo laser, quantidade de energia utilizada, comprimento de ondas e todos os aspectos ligados à condição da irradiação do laser. Além disso, foi uma configuração inovadora e desenvolvida no LELO pelos pesquisadores responsáveis. O sucesso no controle da dor dos participantes ocorreu, principalmente, pela união de competências na realização da pesquisa: conhecimento dos fatores relacionados à disfunção que causam as dores, pleno entendimento do mecanismo de ação dos lasers de baixa potência e compreensão de como ele pode atuar de maneira completa na dor, não favorecendo apenas uma área da face.

A pesquisa foi dividida em dois grupos, um tratado pelo aparelho ativo, com o protocolo da pesquisa, e outro com o aparelho inativo (placebo). Esse processo ocorreu com uma metodologia de pesquisa duplo cego, ou seja, nem o paciente e nem o dentista aplicador sabia qual equipamento era o inativo. “Para uma pesquisa científica isso é muito importante, pois o pesquisador e o paciente ficam mascarados e sem chance de serem tendenciosos ao resultado positivo da pesquisa”, relata Fernando, que ficou responsável pelas aplicações enquanto Patrícia controlava os aparelhos ativo e inativo. As sessões de laser eram semanais e levaram 3 semanas, mas muitos participantes já apresentaram melhora desde a primeira sessão. “Nós já tínhamos dados preliminares para esse protocolo e nesses resultados, nós observamos se o paciente sentia redução no nível de dor, diminuição dos locais dolorosos na face e o quanto ele conseguia abrir a boca”, descreve Fernando, evidenciando as maiores queixas dos pacientes com DTM: as dores e dificuldade ao abrir a boca.

Resultados da pesquisa 

Todos os pacientes encaminhados para a FOUSP foram tratados, mesmo aqueles que não participaram do estudo devido à metodologia. Para fazer parte da pesquisa, as pessoas não podem fazer nenhum outro tipo de terapia, ou seja, ingerir medicamentos, utilizar  aparelhos ortodônticos, placa interoclusal ou ter alguma síndrome que comprometa a face. 

Esses e outros aspectos, como cursos e capacitações feitos na FOUSP, permitiram que o protocolo e técnicas fossem aplicados não apenas no laboratório e em pesquisas, mas na rotina clínica da LELO-FOUSP e por profissionais em todo o Brasil.

A pesquisa ainda promete muitos resultados. Fernando e Patrícia também aguardam para analisar os benefícios vistos nos pacientes ao longo do tempo. Mas o que se tem agora já se mostrou satisfatório para os pesquisadores e pacientes, uma vez que o protocolo utilizado apresentou melhora, até mesmo imediata, das dores orofaciais. Além disso, as pessoas que têm dores orofaciais e DTM continuam sendo atendidas e tendo suas dores tratadas no LELO-FOUSP, através da laserterapia. Para tanto, basta agendar ligando para o telefone do LELO, disponível no site.

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