
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP) estão buscando uma forma de tornar o diagnóstico da doença de Alzheimer mais preciso e rápido, podendo identificar a doença em estágios menos avançados, possibilitando formas de tratamento que visem conter o avanço da degeneração.
De acordo com Giovana Silva Leandro, pesquisadora responsável pelo doutorado sobre a relação do Mal de Alzheimer com deficiências no sistema de reparo do DNA, o Alzheimer é uma doença que acelera um processo natural do envelhecimento humano. “É uma forma patogênica que acelera muito o processo de degeneração normal do envelhecimento”. A pesquisadora busca saber, dessa forma, como os processos de reparo de DNA podem ser afetados por essa condição. “São mecanismos importantes para evitar que a degeneração celular seja muito forte”, afirma.

O estudo de Giovana se voltou para a análise dos RNAs mensageiros das células mononucleadas do sangue periférico, responsáveis por transmitir a informação contida em uma cadeia de DNA e que possibilitaram a produção de proteínas celulares, que regulam a grande maioria das ações dessas estruturas. As células do sangue periférico estudadas, em geral, são leucócitos e pertencem ao sistema imunológico e circulam por todos os sistemas, respondendo principalmente a processos inflamatórios, como aqueles provocados pelo Alzheimer. Dessa forma, o estudo de seu comportamento poderia providenciar um método mais fácil de se diagnosticar a doença. “O acesso aos neurônios, células mais afetadas pelo Alzheimer, é muito complicado”, explica Giovana. “O estudo dessas células do sangue pode propiciar um bioindicador mais acessível de tudo o que está acontecendo no corpo e, caso se note alguma mudança nessas células derivada da doença, poderá se proporcionar um diagnóstico mais facilitado”.

Outra parte do estudo se destina à análise da Polimerase Beta, uma enzima que atua na produção de novas fitas de DNA, mais especificamente no reparo de DNA por excisão de bases oxidadas. Apesar de o número de polimerases nas células diminuir com o envelhecimento, Giovana afirma que a diminuição acentuada e mais rápida da Polimerase Beta pode ser um indicativo do Alzheimer, embora uma pesquisa mais profunda ainda precise ser feita.
A doença de Alzheimer ainda é uma doença sem cura ou causa conhecida, por ser uma doença extremamente associada ao envelhecimento. “Existe um tipo de Alzheimer, o familial, que decorre de um gene dominante da família, mas esse tipo corresponde a apenas 5% dos casos”, afirma Giovana. “Os outros 95% dos casos ainda não possuem causa ou fatores conhecidos”. Como ainda não há causa conhecida, torna-se complicado determinar uma maneira de combater a doença. O tratamento só é efetivo em fases mais precoces, quando os sintomas e efeitos da doença ainda não estão tão fortes. Nesses casos, têm sido usados medicamentos e métodos que diminuem a oxidação das células cerebrais, retardando o avanço da doença. Apesar disso, Giovana acredita no avanço da pesquisa genética e no uso da polimerase beta como uma forma de diagnosticar a doença antes que essa se torne muito avançada.
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