“Negar a importância ambiental é nadar contra a maré”, afirma professor de economia

Destruição do meio ambiente pode afetar negativamente atividades econômicas brasileiras

[Foto: Mayke Toscano/Ibama]

No dia 23 de junho, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles pediu demissão do cargo. Sua gestão ficou marcada por polêmicas de que a pasta teria favorecido a degradação ambiental ao enfraquecer mecanismos de fiscalização. A saída de Salles evidenciou mais uma vez a questão da política ambiental brasileira e sua importância, não somente para a preservação da natureza, mas também para o desenvolvimento econômico.

Para Ariaster Chimeli, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, não há uma relação tão simplista quanto ao crescimento da economia e a defesa do meio ambiente. “Essa dicotomia vai refletir grupos de interesse. Às vezes, vão andar juntas, às vezes a proteção ambiental vai desacelerar o crescimento”, afirma em entrevista para a AUN. Ele ainda diz que o preço dessa preservação pode trazer benefícios, como a redução da poluição e a melhora da qualidade de vida.

“Em alguns casos o próprio mercado vai dar os incentivos para a atividade econômica mitigar os impactos ambientais dela”, conta o especialista em economia do meio ambiente. O risco de perder clientes que se negam a comprar produtos com pegada de destruição ambiental faz com que algumas empresas mudem suas atividades para atender a essa demanda. O professor dá o exemplo de setores do agronegócio que estão preocupados com a imagem do Brasil no exterior porque correm o risco de perder espaço no mercado e seus produtos serem  boicotados.

Chimeli, porém, relata que nem sempre isso ocorre, e a ação do Estado se faz necessária. Porém, por parte dos governos, o professor afirma que “é uma questão de vontade política. Nós temos todos os mecanismo para penalizar esse tipo de atividade, seja por imposto, por multa ou por outro tipo de punição”.

Capital natural

Uma das noções com a qual o professor trabalha é a de capital natural, que, segundo ele explica, trata-se daquilo que “a natureza oferece, tanto recursos naturais como serviços do ecossistema, que contribuem para o nosso bem-estar”. De acordo com Chimeli, essa óptica é importante pois, ao pensar na natureza como contribuidora para a riqueza, quando se degrada está também comprometendo o próprio sistema produtivo.

Um exemplo prático disso é o agronegócio. Esse setor, que é um dos principais motores da economia brasileira, depende intrinsecamente dos recursos naturais. Portanto, não levar em consideração os danos ambientais causados por essa atividade, é colocar em risco a produtividade do próprio setor no futuro. “Negar a importância ambiental é nadar contra a maré”, afirma Chimeli.

Segundo o professor, “o Brasil tem um potencial enorme de dar contribuição para a própria população e para o mundo quando se fala de proteção ambiental”. Ele ainda aponta para a importância de promover atividades que geram renda, emprego e ao mesmo tempo contribuem para a preservação.

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