Em busca de um remédio contra o coronavírus

Pesquisa do Instituto de Química busca encontrar um fármaco eficaz contra a Covid-19

Imagem: Reprodução

Uma pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Bioquímica ligado ao Instituto de Química (IQ), da Universidade de São Paulo (USP), busca encontrar um fármaco que seja eficaz no combate ao novo coronavírus. O estudo intitulado “Inibição do macrodomínio viral como estratégia terapêutica para coronavírus” tem à frente o pesquisador, Nicolas Carlos Hoch, em parceria com outros docentes do instituto, além de colaboração internacional de universidades dos Estados Unidos da América (EUA) e da Finlândia. 

Em ensaio no laboratório do IQ-USP, os pesquisadores estão trabalhando com células de pulmão e neles expressando a proteína do vírus para analisar seu comportamento. A proteína não-estrutural 3 (Nsp3) possui um bolsão catalítico druggable necessário para a replicação viral. Isso faz parte de um importante mecanismo viral de repressão às proteínas de defesas, Interferons, do organismo hospedeiro.

Em um primeiro momento foram utilizados fármacos que já tivessem seu uso aprovado para uso em humanos. “Se você pegar um composto que já é aprovado em humanos, você não precisa fazer todos os ensaios de segurança”, diz o pesquisador Nicolas Hoch. Com a colaboração de profissionais da área da computação foram identificados quais os medicamentos serviriam ao ensaio, pois já se tinha conhecimento da estrutura da proteína do vírus a ser inibido. “Já foi resolvida a estrutura tridimensional da proteína por um grupo americano e depositado numa base de dados de acesso livre”, conta Nicolas. De uma lista inicial de seis mil compostos foram selecionados setenta para serem testados, mas nenhum teve êxito.

Em uma segunda fase, foi considerado qualquer composto químico que tenha sido produzido pelo ser humano. De algo em torno de trezentos milhões de compostos, foram selecionados cinquenta a serem utilizados nos ensaios para torná-lo um antiviral contra o SARS-CoV-2. Paralelamente, também, está sendo estudada a função desse vírus dentro da célula. “Ao mesmo tempo que a gente está procurando algum composto para inibir esse alvo para se tornar um antiviral, a gente, também, está buscando entender por que o vírus tem essa proteína, o que ela faz que ajuda a infectar nossas células”, diz o pesquisador.

Já existem diversos tratamentos que funcionam contra o coronavírus. “Corticóides funcionam super bem quando a pessoa já está hospitalizada, ela reduz a mortalidade entre 30% a 40%”, relata o cientista. Ele destaca que é necessário saber o momento certo para aplicar o tratamento, sendo o mais indicado o uso de um antiviral na fase inicial da doença, quando ocorre a replicação do vírus.  

Para o cientista Nicolas, falta incentivo e investimento no Brasil para as pesquisas e produção nacional por parte dos governos e das empresas. “Ficamos dependentes de importar coisas. Mas São Paulo é um oásis em investimento em ciências e tecnologia porque tem a FAPESP”, diz. A pesquisa do IQ/USP sobre a ADP-ribolisação em relação ao macrodomínio da proteína Nsp3 segue buscando um antiviral eficaz contra o coronavírus, com a colaboração de um pesquisador da University of Oulo (Finlândia) e de um professor da University of Kansas (EUA).

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