USP cria primeiro grupo do Brasil para formular políticas públicas de saúde bucal

No Brasil, o EVIPNet é coordenado pelo Ministério da Saúde. (Fonte: http://global.evipnet.org/)

A Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo criou, em junho deste ano, um grupo voltado para a formulação de políticas públicas em saúde bucal baseadas em evidência científica. O projeto vem da Rede para Políticas Informadas por Evidências (EVIPNet, na sigla em inglês), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS) e que tem por objetivo facilitar o uso da produção acadêmica na criação de políticas de saúde.

A professora Fernanda Carrer, uma das criadoras do grupo, explica a importância de uma iniciativa como essa: “A OMS começou a perceber que a academia produz muita coisa, muita evidência, mas o formulador de política acaba tomando as decisões baseadas, muitas vezes, em sua experiência profissional, no que ele ouviu falar ou, ainda, no que a indústria fornece”.

No Brasil, o EVIPNet é coordenado pelo Ministério da Saúde que, juntamente à Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), braço americano da OMS, criou o edital no qual Fernanda inscreveu a Faculdade de Odontologia. “Apresentamos um projeto para criar um primeiro laboratório de EVIPNet de saúde bucal no Brasil, e nossa primeira pergunta de pesquisa será: como distribuir melhor os dentistas e fixá-los pelo território brasileiro?”.  

Campos de atuação

De acordo com Fernanda, a escolha deste objeto de estudo não foi por acaso. “A má distribuição de recursos humanos e de saúde é um problema mundial.”, afirma a professora. Ela cita o Programa Mais Médicos, que trouxe profissionais cubanos para ajudar a suprir a carência dos hospitais públicos brasileiros, como um exemplo de um projeto do governo criado com base em evidências científicas.

Além desta pesquisa a longo prazo o grupo, formado por professores e pós-graduandos, irá trabalhar em conjunto com a Prefeitura de São Paulo em busca de respostas para alguns problemas mais imediatos. “Eles querem saber, por exemplo, qual o melhor flúor para comprar na rede, ou qual a melhor broca para adquirir e fazer as restaurações.”, conta Fernanda.

Para a professora, acima de tudo, o diálogo é essencial, e ouvir a experiência dos funcionários públicos é fundamental para o projeto. “Apesar das evidências científicas mostrarem o que é ideal, na prática, por conta das adversidades, talvez não dê certo”. E completa: “A gente pode sempre tentar, e iremos começar a planejar em cima de uma proposta que seja viável para a realidade.”

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