Um estudo do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) está analisando o uso de uma terapia para crianças com transtornos no desenvolvimento neurológico. A pesquisa avalia se a Paediatric Autism Communication Therapy (PACT, algo como “Terapia Pré-escola de Comunicação para Autismo”) pode ajudar no desenvolvimento das habilidades de comunicação social na fase da infância.
A PACT é um modelo de intervenção mediada pelos próprios pais. O terapeuta os auxilia a identificar e a ser mais responsivo aos sinais de comunicação da criança, de modo que ela possa desenvolver suas habilidades sociais.
Priscilla Brandi Gomes Godoy, psicóloga, neuropsicóloga, mestre em ciências e autora da pesquisa, explica que a PACT acontece através de 12 sessões, nas quais o terapeuta filma uma brincadeira ou interação de 10 minutos entre a criança e seu cuidador principal, a quem dá feedbacks e orientações a partir de uma análise de trechos dos vídeos.
Ela conta que o cuidador é solicitado a praticar as técnicas e orientações diariamente, conforme são instruídas a cada sessão: “As orientações da PACT são feitas de forma empática, não diretiva e a partir de questionamentos, seguindo as etapas de desenvolvimento típico da comunicação”.
Godoy afirma que, em países da Europa e do sul da Ásia, a PACT já é utilizada a fim de aprimorar os padrões de interação entre crianças com problemas no desenvolvimento da comunicação e os seus cuidadores. Logo, no sistema público de saúde do Brasil, um modelo de intervenção precoce como a PACT poderia ser aproveitado em larga escala, com baixo custo e menor demanda de tempo dos profissionais – o que motivou a elaboração da pesquisa.
As condições do ambiente em que a criança está inserida são fatores determinantes no seu desenvolvimento neurológico. Por isso, considerar o contexto brasileiro torna-se importante para o tratamento da questão. “Sabemos, com base em estudos anteriores, que fatores como características socioeconômicas e estilos parentais impactam o desenvolvimento neurocognitivo infantil”, esclarece a pesquisadora. “Isso está relacionado principalmente ao acesso da criança a estímulos adequados, suporte socioemocional, escolarização adequada, alimentação, saneamento básico, entre outros fatores”.
No momento, os pesquisadores responsáveis pelo estudo estão recrutando participantes para realizar avaliações. “Inicialmente avaliamos o desenvolvimento das habilidades de comunicação social da criança e, caso ela esteja prejudicada e a família atinja os critérios de inclusão, ela pode participar do estudo”, explica Godoy.
Famílias da zona oeste de São Paulo, com crianças entre 2 e 4 anos e 11 meses de idade, que vivem em vulnerabilidade socioeconômica e que sentem interesse em contribuir com a pesquisa, podem entrar em contato através do telefone: (11) 97986-2460.
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