Terapia de comunicação social pode ajudar crianças com risco de transtornos neurológicos

Pesquisadores da Medicina da USP iinvestigam benefícios de tratamento para crianças com dificuldades no desenvolvimento comunicacional

Fotomontagem com imagens de Freepik por Adrielly Kilryann

Um estudo do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) está analisando o uso de uma terapia para crianças com transtornos no desenvolvimento neurológico. A pesquisa avalia se a Paediatric Autism Communication Therapy (PACT, algo como “Terapia Pré-escola de Comunicação para Autismo”) pode ajudar no desenvolvimento das habilidades de comunicação social na fase da infância.

A PACT é um modelo de intervenção mediada pelos próprios pais. O terapeuta os auxilia a identificar e a ser mais responsivo aos sinais de comunicação da criança, de modo que ela possa desenvolver suas habilidades sociais.

Priscilla Brandi Gomes Godoy, psicóloga, neuropsicóloga, mestre em ciências e autora da pesquisa, explica que a PACT acontece através de 12 sessões, nas quais o terapeuta filma uma brincadeira ou interação de 10 minutos entre a criança e seu cuidador principal, a quem dá feedbacks e orientações a partir de uma análise de trechos dos vídeos.

Ela conta que o cuidador é solicitado a praticar as técnicas e orientações diariamente, conforme são instruídas a cada sessão: “As orientações da PACT são feitas de forma empática, não diretiva e a partir de questionamentos, seguindo as etapas de desenvolvimento típico da comunicação”.

Godoy afirma que, em países da Europa e do sul da Ásia, a PACT já é utilizada a fim de aprimorar os padrões de interação entre crianças com problemas no desenvolvimento da comunicação e os seus cuidadores. Logo, no sistema público de saúde do Brasil, um modelo de intervenção precoce como a PACT poderia ser aproveitado em larga escala, com baixo custo e menor demanda de tempo dos profissionais – o que motivou a elaboração da pesquisa.

As condições do ambiente em que a criança está inserida são fatores determinantes no seu desenvolvimento neurológico. Por isso, considerar o contexto brasileiro torna-se importante para o tratamento da questão. “Sabemos, com base em estudos anteriores, que fatores como características socioeconômicas e estilos parentais impactam o desenvolvimento neurocognitivo infantil”, esclarece a pesquisadora. “Isso está relacionado principalmente ao acesso da criança a estímulos adequados, suporte socioemocional, escolarização adequada, alimentação, saneamento básico, entre outros fatores”.

No momento, os pesquisadores responsáveis pelo estudo estão recrutando participantes para realizar avaliações. “Inicialmente avaliamos o desenvolvimento das habilidades de comunicação social da criança e, caso ela esteja prejudicada e a família atinja os critérios de inclusão, ela pode participar do estudo”, explica Godoy.

Famílias da zona oeste de São Paulo, com crianças entre 2 e 4 anos e 11 meses de idade, que vivem em vulnerabilidade socioeconômica e que sentem interesse em contribuir com a pesquisa, podem entrar em contato através do telefone: (11) 97986-2460.

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