Pesquisadores da USP desenvolvem ferramenta com Inteligência Artificial capaz de elaborar planos alimentares personalizados

Ainda em fase de ensaio clínico, projeto busca otimizar atendimento de nutricionistas em consultas

De acordo com o site do instituto, o Food Research Center (FoRC) é o primeiro centro de pesquisa brasileiro de caráter multidisciplinar focado em alimentos e nutrição - [Foto: Marcos Santos/USP Imagens]

Na tentativa de incorporar novas ferramentas em práticas nutricionais, pesquisadores do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center FoRC) da Universidade de São Paulo desenvolveram uma ferramenta computacional capaz de elaborar planos alimentares personalizados para pacientes. A partir de técnicas de Inteligência Artificial (IA), a ferramenta nomeada NutriPersona tem como objetivo a busca por soluções inteligentes em nutrição. 

O artigo “NutriPersona: Concepção de uma ferramenta computacional para elaboração de cardápio personalizado a partir de um banco de dados de composição de alimentos brasileiros” propõe que o desenvolvimento desse instrumento contribui para a otimização do atendimento nutricional, e valoriza a competência dos profissionais da área no processo de elaboração dos cardápios personalizados.

Em entrevista à Agência Universitária de Notícias (AUN), Kristy Soraya Coelho, nutricionista e pesquisadora do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da FCF, explica que “as técnicas de IA representam parte da inteligência do humano em alguma atividade que o profissional faz. No caso da ferramenta em questão, a ideia é representar a expertise do nutricionista”. Algumas informações usadas por esses profissionais para a elaboração dos planos personalizados incluem características do paciente, suas recomendações nutricionais e preferências, além das qualidades dos alimentos a serem incluídos. A primeira parte da pesquisa foi realizada com base em um adulto saudável. Portanto, os dados utilizados para a determinação de sua necessidade energética diária foram peso, altura e nível de atividade física.

A Inteligência Artificial 

A técnica de IA usada na construção da NutriPersona é conhecida como Máquina de Estados Finito (MSF). Trata-se de um sistema utilizado em jogos computacionais, que apresenta determinadas regras e as executa até chegar no resultado esperado. Com o uso desse instrumento computacional, os pesquisadores geraram planos alimentares fictícios, que foram avaliados por nutricionistas quantitativa e qualitativamente. Kristy explica que cada máquina de estados atua em uma refeição: “Tem os parâmetros, os grupos alimentares e a recomendação de cada uma das refeições, então foram criadas essas máquinas para dar conta de fazer o cardápio como um todo.”

De acordo com a pesquisadora, a ferramenta está em processo de ensaio clínico e ainda não pode ser comercializada. “Só tínhamos trabalhado com adultos saudáveis. Agora, estamos analisando outros ciclos de vida para fazer os testes in loco e sabermos o que precisa ser ajustado”, explica Kristy.

O dispositivo utiliza como base de dados a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA). Ela representa o consumo da população em relação aos alimentos e sua composição. A nutricionista esclarece que sem essa tabela não teria sido possível produzir os cardápios. “A composição da tabela é baseada em dados analíticos, produzidos na USP e em outras instituições do Brasil, de alimentos preparados e alimentos crus”, acrescenta. 

O livro Metodologia para estimar a composição química de preparações a partir de receitas: Um guia prático, produzido por Kristy e outros cientistas da FoRC, explica de maneira detalhada como são estimadas essas composições das preparações, uma vez que as pessoas não consomem apenas ingredientes.

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