Na tentativa de incorporar novas ferramentas em práticas nutricionais, pesquisadores do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC) da Universidade de São Paulo desenvolveram uma ferramenta computacional capaz de elaborar planos alimentares personalizados para pacientes. A partir de técnicas de Inteligência Artificial (IA), a ferramenta nomeada NutriPersona tem como objetivo a busca por soluções inteligentes em nutrição.
O artigo “NutriPersona: Concepção de uma ferramenta computacional para elaboração de cardápio personalizado a partir de um banco de dados de composição de alimentos brasileiros” propõe que o desenvolvimento desse instrumento contribui para a otimização do atendimento nutricional, e valoriza a competência dos profissionais da área no processo de elaboração dos cardápios personalizados.
Em entrevista à Agência Universitária de Notícias (AUN), Kristy Soraya Coelho, nutricionista e pesquisadora do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da FCF, explica que “as técnicas de IA representam parte da inteligência do humano em alguma atividade que o profissional faz. No caso da ferramenta em questão, a ideia é representar a expertise do nutricionista”. Algumas informações usadas por esses profissionais para a elaboração dos planos personalizados incluem características do paciente, suas recomendações nutricionais e preferências, além das qualidades dos alimentos a serem incluídos. A primeira parte da pesquisa foi realizada com base em um adulto saudável. Portanto, os dados utilizados para a determinação de sua necessidade energética diária foram peso, altura e nível de atividade física.
A Inteligência Artificial
A técnica de IA usada na construção da NutriPersona é conhecida como Máquina de Estados Finito (MSF). Trata-se de um sistema utilizado em jogos computacionais, que apresenta determinadas regras e as executa até chegar no resultado esperado. Com o uso desse instrumento computacional, os pesquisadores geraram planos alimentares fictícios, que foram avaliados por nutricionistas quantitativa e qualitativamente. Kristy explica que cada máquina de estados atua em uma refeição: “Tem os parâmetros, os grupos alimentares e a recomendação de cada uma das refeições, então foram criadas essas máquinas para dar conta de fazer o cardápio como um todo.”
De acordo com a pesquisadora, a ferramenta está em processo de ensaio clínico e ainda não pode ser comercializada. “Só tínhamos trabalhado com adultos saudáveis. Agora, estamos analisando outros ciclos de vida para fazer os testes in loco e sabermos o que precisa ser ajustado”, explica Kristy.
O dispositivo utiliza como base de dados a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA). Ela representa o consumo da população em relação aos alimentos e sua composição. A nutricionista esclarece que sem essa tabela não teria sido possível produzir os cardápios. “A composição da tabela é baseada em dados analíticos, produzidos na USP e em outras instituições do Brasil, de alimentos preparados e alimentos crus”, acrescenta.
O livro Metodologia para estimar a composição química de preparações a partir de receitas: Um guia prático, produzido por Kristy e outros cientistas da FoRC, explica de maneira detalhada como são estimadas essas composições das preparações, uma vez que as pessoas não consomem apenas ingredientes.
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