Poéticas Digitais: grupo de estudos utiliza tecnologia como meio de propagação da arte

Coordenados por professor da Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da USP, obras buscam expandir o conceito de arte

Foto da exposição do projeto “Encontros” na Bienal das Amazônias em Belém. [Reprodução: Acervo Pessoal de Gilbertto Prado]

O Grupo Poéticas Digitais surgiu como um projeto chamado wAwRwT, elaborado em 1995 pelo professor Gilbertto Prado, no Laboratório Paulo de Laurentiz no Instituto de Artes da Unicamp. Em 2002, migrou para o Departamento de Artes Plásticas da ECA com o nome de “Poéticas Digitais”, onde segue produzindo projetos que investigam a questão da arte dentro da internet.

Ao ser questionado sobre o objetivo do grupo, Prado afirma: “No Poéticas Digitais, além das questões de discutir arte e rede, entram também instalações interativas, questões de sensores, arte, ciência e tecnologia, arte, tecnologia e natureza”. O grupo é formado por alunos da pós-graduação e ex-alunos.

Os trabalhos atuais estão voltados para uma atualização de projetos passados, em destaque há o Encontros (2012) e o Pedralumen (2009).  A exposição individual Circuito Alameda (2018), realizada no México, que conteve tanto obras do professor quanto do grupo, também merece ênfase entre as produções.

A interatividade dessas instalações não tem como finalidade os espectadores das obras. “Eles são interativos, mas o público não realiza a interação direta para que haja uma alteração em tempo real daqueles mesmos objetos. É uma relação com a própria natureza, que evidentemente o homem está próximo.”, explica o professor.

Um exemplo está no projeto Encontros, citado acima, que surgiu a partir do encontro das águas do Rio Amazonas e Tapajós, no Pará, e foi exposto na Bienal das Amazônias neste ano. A produção mostra dois celulares que contém filmagens de cada lado do rio e que vão se aproximando em velocidades diferentes: um segue a cadência do rio, buscando dados em tempo real sobre as mudanças da maré; o outro se move de acordo com o acesso à palavra encontro em vários idiomas.

Por fim, Gilbertto também defende a complementação do uso da tecnologia no criação artística: “A arte contemporânea implica uma multiplicidade de possibilidades. A arte é potência. Quanto mais elementos eu tiver para colocar nesse trabalho de arte, só vai expandir o campo. A arte é um campo em expansão”.

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