Grupo de pesquisa da USP colabora com a guarda do arquivo do Sesc

André Coelho, pesquisador do Grupo de Pesquisa em Impressões Fotográficas compartilhou sua experiência de trabalho com o acervo do Sesc Memórias

Imagem: Figurinos de Antunes Filho - Reprodução: https://www.sescsp.org.br/vestir-a-cena-passeio-fotografico-por-figurinos-do-cpt_sesc-centro-teatral-criado-por-antunes-filho/

O Grupo de Pesquisa em Impressões Fotográficas é um grupo de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que está sob a coordenação dos professores João Luis Musa e Marco Francesco Buti, ambos da ECA-USP. O grupo tem como objetivo pensar nas melhores práticas quando o assunto é a guarda de arquivos digitais – de maneira a garantir a melhor fidelidade possível em termos cromáticos.

A Agência Universitária de Notícias (AUN) conversou com o professor João Luis Musa e com o pesquisador André Coelho para entender melhor o trabalho do grupo junto ao Serviço Social do Comércio (Sesc), que contou com a ajuda do pesquisador Coelho para garantir a melhor representação possível de seu arquivo digitalizado.

O professor conta quais eram os objetivos do grupo quando de sua fundação: “O grupo foi fundado em 2010 com algo que a escola não tinha que era o gerenciamento de cores nas impressões digitais”. 

Segundo ele, “a ideia é gerenciar a cor, como é que a gente poderia ter acesso a um sistema em que eu pudesse pensar arquivos e depois representá-los em tela e confiar nessa representação”.

O professor explica que o desafio é  “criar a prova de que o arquivo tem representação como você está vendo com a tela”. De acordo com ele, “pouca gente sabe fazer, então o grupo é exatamente para isso: instrumentalizar pessoas que pudessem ter critérios de gerenciar a cor e monitor para que em seguida pudessem gerenciar a impressão”.

O trabalho com o Sesc

Um exemplo disso é o trabalho do pesquisador André Coelho que trabalha junto à Gerência de Estudos e Desenvolvimento do Sesc. “Logo que eu entrei nessa gerência em 2019, estava no final do doutorado, com o professor Musa, em poéticas visuais. E a minha pesquisa, tinha uma relação muito próxima com colorimetria com impressão digital em jato de tinta impressão digital”.

De acordo com ele, a Gerência de Estudos e Desenvolvimento “é responsável pelo Sesc Memórias que é o centro de memória institucional do Sesc” e cuida de um acervo “bem grande e compreensivo”, que mostra muito da história da instituição através de documentos fotográficos, cartazes, peças de divulgação e alguns documentos.

Um exemplo disso são as cartas de Antunes Filho, um diretor de teatro que esteve muito próximo ao Sesc, Coelho conta que o acervo também conta com “figurinos de peças de teatro ensaiadas no Sesc” e documentos dos mais diversos tipos.

O trabalho do pesquisador foi centrado justamente na digitalização deste acervo, Coelho explica que esse processo” em parte era feito internamente, só que como o acervo era muito grande e tinha uma grande quantidade de itens represada, o Sesc acabou contratando uma empresa para fazer essa digitalização, porque do contrário a gente levaria décadas ali fazendo esse trabalho”.

Coelho conta que “o problema era que essa digitalização era feita de uma forma em que se tinha um controle ainda muito pouco parametrizado em termos de fidelidade de reprodução cromática das imagens e dos documentos. Então, acabei atuando bastante nessa frente de trabalho.”

Segundo ele, “O esforço que a gente teve ali foi o de conseguir criar parâmetros numéricos de modo que a gente conseguisse ver e medir os desvios de cor que estavam acontecendo e os desvios de densidade da imagem em relação ao objeto original.” 

Coelho explica que a importância disso: “O Sesc Memórias atende muitos pesquisadores, são pessoas que estão estudando história do teatro brasileiro ou então história das artes visuais e, enfim, qualquer tipo de pesquisa que esteja relacionada ao acervo do Sesc Memórias, e a importância está justamente em você conseguir entregar um representante digital que consiga dar conta do objeto original.”

Coelho ainda conta que esse trabalho é feito de modo contínuo, já que novos itens do arquivo – como por exemplo peças de divulgação e imagens de eventos –  devem passar pelo mesmo processo de digitalização. Um exemplo é “um cartaz de uma programação do festival circos, que está acontecendo agora, a gente sempre vai pegar isso e vai fazer a digitalização. E vai fazer esse mesmo procedimento de guarda documental.”

O pesquisador explica que “todos os arquivos digitais do acervo do Sesc Memórias são resultado desse processo de trabalho, e todos eles já estão contemplados com esse tipo de controle.”

Próximos passos

O grupo de pesquisa agora tem como objetivo atingir um público maior, que não esteja restrito ao público universitário para que sejam divulgados e a maneira encontrada para fazer isso é a criação de um site em que, segundo Coelho, serão divulgados “textos que a gente escreve ou procedimentos que dizem respeito a esse assunto”.

Coelho explica que a ideia é preservar o trabalho feito pelo grupo de trabalho mesmo depois da aposentadoria do professor João Luis Musa. “A gente tem uma preocupação de conseguir fazer com que esse trabalho tenha uma continuidade. Que não seja uma iniciativa que se interrompa. Porque esse percurso que o João trilhou é muito importante para essa área do conhecimento. E que de alguma forma os membros do grupo seguem dando continuidade”. 

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