Pesquisa da Medicina da USP revela que a prática de atividade física reduz distúrbios do sono e outros sintomas da asma

Atividade física moderada impacta vida de pacientes asmáticos, auxiliando no controle dos sintomas e reduzindo uso de medicações

Uma a cada dez pessoas no Brasil sofre com a asma. Imagem: Reprodução/Freepik
Uma a cada dez pessoas no Brasil sofre com a asma. Imagem: Reprodução/Freepik

A asma, também conhecida como bronquite asmática ou bronquite alérgica, é uma doença que acomete o sistema respiratório, inflamando os brônquios (tubos que levam ar para dentro dos pulmões) e que atinge pessoas de todas as idades. Os sintomas mais comuns são tosse, chiado no peito, falta de ar e distúrbio do sono. Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) observou que a prática de atividade física, entre pacientes com asma de 45 a 50 anos, melhora o condicionamento físico e o controle dos sintomas asmáticos, sendo mais efetiva naqueles relacionados ao distúrbio do sono. 

Celso Carvalho, fisioterapeuta, educador físico e professor da USP, é um dos pesquisadores do estudo que busca entender a relação entre a atividade física e o distúrbio do sono em pacientes com asma. “Trazemos essas pessoas para o hospital, realizamos um programa de condicionamento físico de 12 semanas e orientamos que elas façam uma caminhada. Com isso, observamos uma melhora em diversas áreas, reduzindo até mesmo suas idas ao hospital”, afirma. 

Foi realizada uma pesquisa com 50 pacientes, acima dos 45 anos, portadores de  asma moderada ou grave. Eles foram induzidos a realizar uma atividade física de baixo custo e fácil execução, no caso a caminhada, e eram monitorados por smartwatches, um dispositivo portátil que possui aplicativos e registra sinais vitais, como a frequência cardíaca. Como resultado, além da melhora no condicionamento físico, redução no peso e mais disposição, esses pacientes relataram um diferencial na qualidade de sono.

Pessoas com asma podem apresentar sonolência excessiva durante o dia e perda na qualidade de vida devido a episódios de crise durante a noite e sono entrecortado. Imagem: Reprodução/Freepik
Pessoas com asma podem apresentar sonolência excessiva durante o dia e perda na qualidade de vida devido a episódios de crise durante a noite e sono entrecortado. Imagem: Reprodução/Freepik

Carvalho descreve esse processo de melhora em duas partes. Primeiro, a latência, que é deitar e dormir. Depois,  a eficiência, ou seja,  ter um sono mais rápido e profundo. Como um dos sintomas mais angustiantes da asma é o sono entrecortado, a atividade auxilia no gasto de energia. Dessa forma, o paciente fica mais cansado e dorme melhor, mais rápido e faz menos esforço para respirar. 

Um outro resultado promissor é o poder de controle da asma e os seus sintomas. Antes do programa, os pacientes relataram que a cada 2 dias, 1 deles era caracterizado com episódios de crise da asma. Mas, após praticarem atividades físicas esses episódios caíram para 1 a cada 5 dias. 

O receio em sofrer com uma crise durante o exercício físico é outra uma barreira que diminui a qualidade de vida e causa ansiedade. Os resultados da pesquisa mostram que o ato de caminhar, dançar, nadar ou andar de bicicleta, traz grandes benefícios,  pois tira os pacientes de um estado de inatividade e os motiva a se movimentar, sair e viver novas experiências. 

“O importante é que a pessoa goste de praticar alguma atividade esportiva. Orientamos a caminhada pelo baixo custo, mas se a pessoa gostar de dançar, nadar, o  importante é se exercitar ao longo da semana”, explica . Ela precisa praticar 150 minutos semanais  de atividade moderada”. 

A prática de atividade física moderada, além de benéfica, é caracterizada pela aceleração dos batimentos cardíacos, respiração forte e uma fala mais cansada. Reprodução/Freepik
Prática de atividade física moderada, além de benéfica, é caracterizada pela aceleração dos batimentos cardíacos, respiração forte e uma fala mais cansada. Reprodução/Freepik

Mesmo que a atividade física traga benefícios, é importante ressaltar que o uso correto das medicações diárias continua sendo necessário. Ainda não há estudos específicos que revelem a possibilidade de suspensão dos tratamentos, mas se exercitar pode ser um atividade complementar. Além disso, tem potencial de  auxiliar na redução do uso dos broncodilatadores (tratamentos secundários para asma).

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