Fofito realiza pesquisa sobre saúde mental e trabalho

Pesquisa estuda condições de trabalho e saúde mental na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional após três casos de suicídio

Procuradoria Geral da Fazenda Nacional
Especialistas da Fofito desenvolvem pesquisa-ação com Procuradoria Geral da Fazenda Nacional [Imagem: Reprodução/CFA]

Professores do curso de Terapia Ocupacional do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional (Fofito), da Universidade de São Paulo, estão desenvolvendo segunda pesquisa sobre saúde mental e trabalho para a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. 

Selma Lancman, coordenadora geral das pesquisas e professora titular na Fofito, explicou o motivo da demanda da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional para a pesquisa: “A Procuradoria buscou a Faculdade de Medicina, que encaminhou para mim, por conta de três suicídios de procuradores. O último foi muito barulhento, porque, antes de o procurador se suicidar, ele havia agredido uma juíza com uma faca”. “Ele foi para a cadeia, depois para um hospital psiquiátrico – ficou entre esses dois – e acabou se suicidando. Isso foi a gota d’água para eles perceberem que tinha uma questão de saúde mental e trabalho. Eles conversaram com a gente e acabamos propondo uma pesquisa”.

A pesquisadora contou que a primeira pesquisa, que vigorou entre 2019 e o início deste ano, buscou entender as condições de trabalho e saúde mental dos procuradores por meio do princípio da psicodinâmica do trabalho ao ouvir os procuradores em grupos e estimular diálogos e reflexões. “A gente não entende que o trabalho por si só causa patologias, mas também não entende que as pessoas adoecem por conta própria. Se é por causa do trabalho, tem que mudar”, comentou Lancman.

Antes da conclusão da primeira pesquisa, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional encomendou mais uma colaboração com a Fofito para dar continuidade ao projeto. Lancman, responsável por uma das três frentes de abordagem da segunda pesquisa, deve trazer uma discussão para detalhar o processo de adoecimento no trabalho em 2024.

Enquanto isso, as outras duas frentes já iniciaram as atividades na região de São Paulo, mas devem, gradativamente, se estender para outras cinco regiões da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, além de repetir o processo com a respectiva diretoria.

Coordenada pela professora Juliana Barros, a segunda frente é voltada para os afastamentos no trabalho, como explicou Lancman: “Ela está pegando todos os casos de afastamento e tentando entender o motivo deles – se um afastamento não acaba sobrecarregando e gerando outros – para poder discutir com a procuradoria”. A professora ainda acrescentou que a divisão do trabalho pode se complicar quando um procurador é afastado e outro tem que assumir funções extras..

Além das pesquisadoras, Claudio Marcelo Brunoro coordena outra frente do projeto, responsável por um curso teórico-prático para gestores da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. “Ele vai fazer um pouco de teoria da psicodinâmica, porque a grande questão da psicodinâmica é essa: relacionar o trabalho com as pessoas”, compartilhou Lancman. “A ideia é conhecer as dinâmicas de trabalho e entender se elas estão gerando problemas de saúde mental e qual a percepção que os gestores têm sobre isso”. 

Com um trabalho de pesquisa sob demanda, Selma Lancman também garantiu que o interesse em uma segunda pesquisa é um bom indicativo do resultado do projeto: “Quando eles começam a querer entender os afastamentos e que a gente fale com os gestores, isso, para nós, é um sinal de que está repercutindo. Eles pediram uma segunda pesquisa quando a gente ainda estava finalizando a primeira, então está reverberando. É um sinal de que a gente fez algum tipo de barulho”. A previsão é de que a segunda pesquisa seja concluída em meados de 2024.

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