Luz visível também é motivo de preocupação para saúde da pele

Pesquisadores do Instituto de Química da USP estabeleceram a ação de fototoxicidade - a capacidade de gerar queimaduras - de diferentes espectros da radiação solar

[Imagem: Reprodução/Pexels]

Cientistas liderados por Maurício Baptista, professor de bioquímica e pesquisador que estuda como a luz do sol afeta a pele, analisaram os efeitos dos diferentes espectros da luz visível – violeta, azul, verde e vermelho – nos queratinócitos, tipo celular presente na pele. Os resultados da pesquisa mostraram que os espectros violeta e azul tem maior ação de fototoxicidade, mas também ressaltaram que não estamos protegidos da luz visível, uma vez que os filtros solares nos resguardam apenas dos raios UVA e UVB. 

Os pesquisadores utilizaram células de queratinócitos cultivadas em placas e que foram irradiadas por luzes com diferentes comprimentos de onda da faixa de luz visível, equivalentes às faixas violeta, azul, verde e vermelho. “A luz visível é muito ampla, tem a faixa violeta, azul, verde, vermelha. A gente queria estudar, de fato, qual dessas regiões é a mais perigosa”, explica Baptista. 

Profundidade que as faixas de luz ultravioleta (UV) e que a luz visível (faixa violeta) atingem na pele. [Imagem retirada de Scientific Committee on Emerging and Newly Identified Health Risk (Health Effects of Artificial Light, Report, 2012), sob licença Creative Commons].

Ineficácia dos filtros solares

Como resultado, eles encontraram que o maior perigo estava nas faixas azuis e violeta, seguida da verde e, por último, a vermelha. No entanto, um dos pontos mais importantes do estudo vem do fato de que, apesar de haver dano, os filtros solares atuais não protegem contra a luz visível do sol. 

Baptista explica que os filtros solares protegem, principalmente, contra os raios UVB, mas que a proteção contra UVA é ineficaz. “Com o filtro, isso [reação de vermelhidão causada por queimaduras solares] não acontece. Posso ficar horas no sol”, explica. 

Com o sentimento de proteção que os filtros trazem, a exposição ao sol acaba sendo excessiva. E aí está o risco. Como mostra a pesquisa da Global Burden of Disease Study, que analisou a carga global de câncer de pele de 1990 a 2017, a doença tem aumentado em relação às últimas décadas. “Se você se expõe à luz visível, você fica bronzeado. Por que você fica bronzeado? Porque a sua pele sentiu um dano e se protegeu produzindo melanina”, esclarece.

Exposição ao sol com consciência

Mesmo que haja ressalvas sobre a exposição solar, ela é necessária para nossa saúde, trazendo benefícios como a produção de vitamina D, que age em todo organismo. Além disso, Baptista cita estudos que falam sobre a diminuição da pressão arterial através da exposição ao sol e que a luz solar atua no sistema sono-vigília através da pele.

No entanto, ainda é necessário conscientizar sobre o que já se é sabido da exposição solar: que ela tem que ser feita com moderação. Apesar de grandes empresas buscarem soluções para as falhas nos filtros solares, Baptista ressalta que “informar os seres humanos, de fato, de como é a interação da radiação solar com a pele, é um benefício para todo mundo. Para as empresas que vão desenvolver filtros solares melhores e para as pessoas que vão se expor.”

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