A preservação de monumentos é fundamental para o registro da história

Gerações futuras podem conhecer e entender, através da visualidade dos patrimônios, acontecimentos que marcaram uma época

Estátua do Cristo Redentor e Morro Pão de Açúcar (mais atrás), ambos patrimônios históricos do Rio de Janeiro. Enquanto o segundo foi esculpido pela natureza, o primeiro foi construído por mãos humanas [Imagem: Reprodução:pixabay]

Pedras são duradouras, mas não infinitas. Esse é o ponto de partida das pesquisas da professora Eliane Del Lama, do Instituto de Geociências da USP (IGc-USP), e membro do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo, o GeoHereditas.  Com foco em estudos para a preservação de patrimônios históricos e a sua divulgação para o público, Eliane ressalta a importância de conservar os monumentos, incluindo de seus desgastes naturais.

“Temos a falsa impressão de que a pedra dura para sempre, mas temos que lembrar que ela foi formada num ambiente muito diferente do que está agora, então é natural que, com o tempo, ela se altere, seja pelo calor, pela chuva ou por outros fatores”, explica a geóloga. 

O desgaste ocorre tanto nos monumentos naturais quanto nos artificiais, ambos objetos de estudo de Eliane. Embora a geoconservação seja uma ciência voltada para a proteção do patrimônio geológico, que se refere às obras naturais esculpidas pela natureza, como o morro Pão de Açúcar, a geoconservação assume também o papel de conservar os patrimônios construídos, a exemplo da estátua do Cristo Redentor.

Os fatores que contribuem para a deterioração de um patrimônio são diversos e exigem, segundo a geóloga, tratamentos específicos de acordo com a causa. Entre eles, a professora destaca dois muito comuns: o desgaste por erosão da pedra e a biocolonização. No caso da erosão, processo geológico que consiste na retirada e no transporte do material que forma as rochas, há estudos para descobrir qual é o motivo da sua ocorrência e tratamentos para consolidar o material. Já a biocolonização, caracterizada pelo desenvolvimento de espécie vegetal ou animal sobre a superfície da rocha, a qual provoca o enfraquecimento e a alteração dos minerais da pedra, é feito um processo de limpeza e de eliminação dos “invasores”.

Rocha Sagrada, um dos monumentos naturais mais importantes do santuário inca de Machu Picchu, no Peru. Composta por rocha granítica, esse morro vem sofrendo alterações em seu material pela biocolonização de musgos, algas e cianobactérias [Foto: Reprodução/pixabay]
Realizar esses procedimentos de preservação é essencial para a história, segundo Eliane. Além de belas construções que arrecadam beleza e admiração para si, os monumentos são uma forma de conhecer e de registrar a história de uma época através da visualização de obras e de construções. “Pode ser até que aquele monumento conte uma história que você não goste, mas é importante para que ela não se repita em algumas situações.” 

A professora também realiza, periodicamente, a GeoTour, um projeto que consiste em visitas turísticas em lugares específicos com o objetivo de expandir o conhecimento sobre rochas. O Cemitério da Consolação e o Cemitério de São Paulo são os principais lugares visitados. “Os cemitérios têm uma diversidade de pedras muito grande, então essas visitas são um recurso didático excelente tanto para o estudante de geociências quanto para o público leigo.”

Por apresentar uma variedade de construções monumentais, o Centro Histórico de São Paulo, na capital paulista, é outro lugar escolhido. Com as pesquisas e visitas, os alunos de graduação e pós-graduação do curso podem, futuramente, escolher um monumento para tratar algum problema ou alteração presente nele.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*