Pedras são duradouras, mas não infinitas. Esse é o ponto de partida das pesquisas da professora Eliane Del Lama, do Instituto de Geociências da USP (IGc-USP), e membro do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo, o GeoHereditas. Com foco em estudos para a preservação de patrimônios históricos e a sua divulgação para o público, Eliane ressalta a importância de conservar os monumentos, incluindo de seus desgastes naturais.
“Temos a falsa impressão de que a pedra dura para sempre, mas temos que lembrar que ela foi formada num ambiente muito diferente do que está agora, então é natural que, com o tempo, ela se altere, seja pelo calor, pela chuva ou por outros fatores”, explica a geóloga.
O desgaste ocorre tanto nos monumentos naturais quanto nos artificiais, ambos objetos de estudo de Eliane. Embora a geoconservação seja uma ciência voltada para a proteção do patrimônio geológico, que se refere às obras naturais esculpidas pela natureza, como o morro Pão de Açúcar, a geoconservação assume também o papel de conservar os patrimônios construídos, a exemplo da estátua do Cristo Redentor.
Os fatores que contribuem para a deterioração de um patrimônio são diversos e exigem, segundo a geóloga, tratamentos específicos de acordo com a causa. Entre eles, a professora destaca dois muito comuns: o desgaste por erosão da pedra e a biocolonização. No caso da erosão, processo geológico que consiste na retirada e no transporte do material que forma as rochas, há estudos para descobrir qual é o motivo da sua ocorrência e tratamentos para consolidar o material. Já a biocolonização, caracterizada pelo desenvolvimento de espécie vegetal ou animal sobre a superfície da rocha, a qual provoca o enfraquecimento e a alteração dos minerais da pedra, é feito um processo de limpeza e de eliminação dos “invasores”.
Realizar esses procedimentos de preservação é essencial para a história, segundo Eliane. Além de belas construções que arrecadam beleza e admiração para si, os monumentos são uma forma de conhecer e de registrar a história de uma época através da visualização de obras e de construções. “Pode ser até que aquele monumento conte uma história que você não goste, mas é importante para que ela não se repita em algumas situações.”
A professora também realiza, periodicamente, a GeoTour, um projeto que consiste em visitas turísticas em lugares específicos com o objetivo de expandir o conhecimento sobre rochas. O Cemitério da Consolação e o Cemitério de São Paulo são os principais lugares visitados. “Os cemitérios têm uma diversidade de pedras muito grande, então essas visitas são um recurso didático excelente tanto para o estudante de geociências quanto para o público leigo.”
Por apresentar uma variedade de construções monumentais, o Centro Histórico de São Paulo, na capital paulista, é outro lugar escolhido. Com as pesquisas e visitas, os alunos de graduação e pós-graduação do curso podem, futuramente, escolher um monumento para tratar algum problema ou alteração presente nele.
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