Mudanças climáticas e escassez de água são objetos de debate em evento do IEA

Pesquisadores pensam em como melhorar a segurança hídrica na Região Metropolitana de São Paulo e reverter a situação de alerta do Sistema Cantareira

10.09.2014 - Vista aérea de represa na região de Bragança Paulista, interior de São Paulo | Foto: Fernando Stankuns. https://www.flickr.com/photos/stankuns/15062292308

Com as diversas mudanças climáticas ocorrendo no mundo, chega o momento de pensar em como melhorar a segurança ambiental das diversas regiões do globo. Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), a escassez hídrica é um importante impasse atual, resultado da falta de homogeneidade da distribuição de chuvas, apesar da tendência anual de aumento dos volumes pluviométricos. É nesse cenário que o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP promove o debate “Desafios para Enfrentar a Escassez Hídrica na RMSP”

O Sistema Cantareira, principal sistema de abastecimento da RMSP, se dispôs abaixo da média climatológica nos últimos 11 anos. Segundo Ana Paula Fracalanza, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, membra do grupo de pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do IEA e uma das participantes do debate, desde novembro de 2013, o Cantareira atua com cerca de 31% da sua capacidade: “Isso significa que ele está em uma situação de alerta”, afirma. “E evidencia a possibilidade de problemas de abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo no horizonte de curto e médio prazo”. 

As possíveis causas dessa questão, conforme explica a pesquisadora, estão relacionadas à falta de recuperação dos reservatórios após a última crise hídrica, aliada ao aumento do consumo de água, fatores que afetam, principalmente, as populações socioambientalmente vulnerabilizadas. Assim, a crise indica um outro problema: a desigualdade social. “A escassez hídrica na Região Metropolitana de São Paulo não é sentida e nem vivenciada da mesma maneira por toda a população da região. Existe parte da população que possui as suas próprias caixas de água e que tem água disponível para todos os usos que ela necessita”, expõe Ana Paula. 

Para enfrentar a escassez de água na RMSP e tentar reverter a situação de vulnerabilidade de uma camada da população, a professora sugere conter o desmatamento na Amazônia, floresta responsável pelos rios voadores, os quais, por sua vez, repõem a umidade da atmosfera e ajudam a irrigar as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País. Nesse processo, aumenta-se o volume de água dos reservatórios vinculados ao Sistema Cantareira. 

Ela também fala da importância da construção do Sistema São Lourenço, da interligação dos sistemas de abastecimento de água da RMSP e do Programa de Redução de Perdas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), frutos de uma ação a fim de melhorar a segurança hídrica na Região Metropolitana de São Paulo durante a crise de abastecimento de água entre 2014 e 2016.  

Outra nova asserção é o aproveitamento da água de reuso, o qual a USP vem estudando há um tempo. “O professor Ivanildo Hespanhol sempre ressaltou a importância da água de reuso para não ficar somente pensando na oferta e na busca de água em sistemas longínquos para abastecer a Região Metropolitana de São Paulo, e sim pensar, também, na água já presente na região”, conta Ana Paula. 

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