Pastas de carvão ativado não desgastam mais os dentes, mas também não os clareiam

Pastas de clareamento e de carvão ativado não apresentam diferenças significativas às pastas regulares

Uma nova pesquisa da Faculdade de Odontologia da USP demonstrou a efetividade de pastas de dente com carvão ativado e voltadas para o clareamento dental, e concluiu não haver diferença entre o branqueamento promovido por esses produtos e pastas de dente regulares. 

O estudo, coordenado pela professora Taís Scaramucci, foi iniciado com a hipótese de que as pastas de carvão ativado causariam maior desgaste dentário durante a escovação. “Tinha uma preocupação muito grande com essa pasta de carvão ativado, e não tinha muitos dados sobre esse desgaste; a gente imaginava que não haveria tanto desgaste quanto o pó (de carvão), porque esses produtos passam por muitas agências reguladoras”, afirma a pesquisadora em entrevista à Agência Universitária de Notícias (AUN). Porém, o estudo demonstrou não haver diferença entre a degradação dental causada pelas pastas de carvão e por pastas convencionais. “Só que a gente também tem observado que ela não clareia”, adverte Scaramucci. 

As pastas clareadoras, de forma geral, têm um efeito bem limitado segundo a professora. Sua pesquisa demonstrou que a diferença de cor antes e depois da escovação para pastas clareadoras e regulares não apresentou diferenças expressivas. “A função delas é ajudar na remoção de manchas, algumas até têm alguns agentes que maquiam o dente e dá a sensação que ele está mais branco. Mas não tem aquele efeito clareador efetivo que você espera. É um pouco de marketing da empresa; não que que não funcione, ela deve ter algum efeito. Mas não é aquilo que o paciente deseja, que é o dente branco”, segundo Scaramucci. A pasta clareadora, alega o estudo, mais remove manchas dos dentes do que faz o clareamento em si.

A pesquisa da FOUSP também foi dedicada o desgaste dessas pastas em relação às de carvão e às regulares; porém, a erosão dental está mais relacionada aos hábitos alimentares de um paciente que a escolha de produtos bucais. “O principal é o consumo de bebidas ácidas, como sucos cítricos e alguns refrigerantes, e algumas condições que trazem ácido na boca, por exemplo o refluxo, que leva o suco gástrico. Assim se criam frequentes episódios ácidos, e isso leva a um desgaste muito exagerado, especialmente em pacientes jovens.”, afirma Scaramucci. Outros fatores que podem agravar a degradação dental são uma escovação inadequadamente forte ou o rangimento dos dentes. Porém, a recomendação médica não deve ser limitante demais.

A mudança de hábitos não conseguirá ser realizada imediatamente ou a curto prazo, afirma a pesquisadora. Segundo o professor Sávio Cardoso, pós-doutorando e pesquisador do Departamento de Dentística da FOUSP, é a mesma questão da cárie: não se deve impedir que uma criança consuma açúcar, mas ela tem que ser orientada quanto a esse consumo:  “A mesma coisa vale para produtos ácidos, tudo bem você consumir desde que seja uma frequência controlada, uma quantidade controlada, com orientações em cima da realidade do paciente para que a gente tenha mais resultados positivos na clínica. É muito Importante conhecer o hábito do paciente”.

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