De acordo com o estudo realizado pela pesquisadora Julia Ávila de Oliveira, sob orientação do professor Luis Augusto Teixeira, na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, o tratamento para o sintoma do congelamento de marcha para indivíduos com a doença de Parkinson deve ir além do uso da levodopa.
O Parkinson pode ser definido como uma doença neurodegenerativa, progressiva, prolongada e irreversível, que gera sintomas motores e não motores. Dentre os motores, um dos possíveis é a alteração da marcha dos indivíduos, afetada em sua velocidade, espaçamento, balanço dos braços, entre outros fatores.
Porém, entre os indivíduos que possuem esse sintoma, alguns podem desenvolver o congelamento de marcha, que produz a sensação na qual os pés parecem estar presos ao chão, impedindo a continuidade da caminhada. Além de comprometer a qualidade de vida, o congelamento aumenta o risco de quedas, que são perigosas para os pacientes.
De acordo com Julia, “o congelamento de marcha é um sintoma que tende a aparecer com a progressão da doença, em estágios mais avançados. Mas em alguns indivíduos pode aparecer já nos estágios iniciais”.
Visando conter os avanços da doença, a levodopa é o medicamento mais indicado para a reposição dopaminérgica, que tende a diminuir a frequência, a quantidade e a intensidade dos episódios. “A levodopa é o principal tratamento medicamentoso para os diversos sintomas motores da doença de Parkinson, incluindo o sintoma de congelamento de marcha. E, realmente, em relação a frequência de ocorrência desses episódios de congelamento ou em relação a duração e severidade dos episódios, a levodopa traz efeitos benéficos”, afirma Julia.
Entretanto, o estudo realizado questionou os reais resultados obtidos pelos pacientes, com e sem congelamento de marcha e a sua relação com o medicamento. “O que nós observamos é que, apesar desse efeito benéfico, a marcha dos indivíduos que apresentam esse sintoma parecia continuar mais debilitada do que a marcha dos indivíduos que não apresentam o sintoma, mesmo sem que ocorra o episódio de congelamento de marcha”.
Na pesquisa, 22 voluntários foram separados em dois grupos de 11, um com congelamento de marcha e outro sem, sendo que todos faziam o uso contínuo da medicação. Para o estudo, foi utilizada a tecnologia de uma esteira que media os dados da marcha dos pacientes, que realizaram caminhadas em duas circunstâncias distintas, uma sob efeito da levodopa (até uma hora após a ingestão) e outra sem a medicação (12 horas após a última ingestão).
Após uma série de exercícios, foi constatado que, independentemente dos voluntários estarem medicados ou não, o grupo que apresenta congelamento de marcha teve piores resultados na caminhada, com menor passada e menor velocidade. Ou seja, mesmo com a medicação, o grupo com congelamento sempre teve resultados consideravelmente piores ao do grupo que não possui o sintoma.
Apesar dos medicamentos ainda serem essenciais, Julia explica que “as possíveis novas intervenções seriam relacionadas à exercícios físicos”, e que “a ideia seria investigar quais protocolos de treinamento poderiam ajudar a amenizar as consequências desse sintoma na marcha e com isso tentar melhorar a qualidade de vida dos indivíduos”.
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