
O Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) realizou, entre os dias 7 e 11 de outubro, a Semana da Licenciatura em Matemática (SeLic). Agora organizada por alunos, o tema de 2024 foi O que é ser um Professor de Matemática? e refletiu sobre a identidade do curso e em métodos de ensino.
Daniel Ferretto, dono do maior canal de ensino de matemática no Brasil, esteve no evento e comentou sobre as principais dificuldades no ensino. Em entrevista à Agência Universitária de Notícias (AUN), o docente pontua que o maior problema está no aprendizado dos conceitos básicos da disciplina. Segundo o professor, o problema principal não está no ensino médio ou em assuntos mais complexos.
“Acredito que o professor independentemente de novas tecnologias é o centro das atenções do aprendizado em ambientes educacionais. E sempre vai ser assim”, pontua.
Para Ferretto, é essencial saber que não se pode mais adotar o modelo tradicional de ensino, que coloca todos os estudantes em um mesmo ritmo, desconsiderando os diferentes momentos em que cada um se encontra.
“O ensino tradicional precisa continuar, porém a gente tem que pensar que os novos meios de comunicação que temos podem justamente incorporar no aluno mais conhecimento que ele teria se ele fosse ensinado somente por um professor”, aponta.
Desafios
Isabela Pacheco, estudante e representante discente da licenciatura em Matemática, falou para a Agência Universitária de Notícias (AUN) que sempre sonhou em ser professora, mas que a falta de reforma na grade curricular do curso desanima.
“O ensino médio agora é completamente diferente e a gente não está capacitado para dar aula neste contexto”, defende.
A aula acredita que o curso deve incluir mais disciplinas sobre ensino de matemática e que os alunos devem ter mais oportunidades de ganhar experiência prática por meio de estágios.
Rankings
O Brasil está entre os 17 países com pior desempenho em matemática no ranking do Pisa 2022, divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no final de 2023. O país ficou na 65ª posição entre 81 nações avaliadas, com uma pontuação de 379, abaixo da média, que foi de 472 pontos.
Em 2022, o Brasil obteve 379 pontos em matemática, 410 em leitura e 403 em ciências. Comparando com 2018, ano da avaliação anterior, o desempenho foi de 384 pontos em matemática, 413 em leitura e 404 em ciências.
Segundo o levantamento divulgado no final de 2023, a pandemia de covid-19 afetou a educação, com o fechamento de escolas e a implementação de aulas online, mas não pode ser considerada a única responsável pelo desempenho abaixo do esperado dos alunos.
Realizado a cada três anos, o exame mede o desempenho de estudantes de 15 anos em matemática, ciências e leitura. Na última edição, 690 mil estudantes de 81 países participaram dos testes. No Brasil, 10.798 alunos de 599 escolas foram avaliados. Em 2022, o foco principal foi em matemática.
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