Projeto de pesquisa reúne todos os museus e coleções universitárias do Brasil em banco de dados

Plataforma conta com mais de 840 núcleos museológicos e serve de fonte para diferentes pesquisas

Na página inicial, o site oferece o cadastro para pessoas interessadas em participar da Rede e receber informações dos museus e coleções [Imagem: Reprodução/ Site RBCMU]

Já teve uma ideia de pesquisa específica e não conseguiu pensar onde poderia encontrar acervos daquele tema? Provavelmente este site poderia te guiar. A Rede Brasileira de Coleções e Museus Universitários (RBCMU) surgiu da necessidade de reunir os dados de diversos núcleos museológicos das universidades brasileiras. A plataforma permite que esses espaços estabeleçam diálogos entre si, com a comunidade científica e com o público geral.

Para uma coleção ou museu fazer parte do acervo, basta ter vínculo com alguma instituição de ensino superior. Em entrevista à Agência Universitária de Notícias (AUN), o coordenador do projeto e chefe do Museu de Anatomia Veterinária (MAV) da USP, Maurício Cândido da Silva, explica que o objetivo é fazer um levantamento completo, “não só do que tem nome de museu”. Ele acrescenta que “muitas vezes [a universidade] tem uma coleção, um centro de memória, um laboratório de fósseis que tem uma coleção aberta para visitas. Ou mesmo outros formatos, como planetários, herbários, coleções de pesquisas quase nunca abertas à visita”. O desejo do pesquisador era criar uma plataforma que pudesse subsidiar pesquisas e, por isso, teve a preocupação de incluir todos esses espaços que ele chama de “núcleos museológicos”.

Outro diferencial do RBCMU é a possibilidade de extração de dados. Isso significa que qualquer pessoa pode pesquisar uma palavra nos repositórios, obter um relatório com os resultados e extrair esses dados para outras plataformas, como o Excel. “Isso facilita a operacionalização das pesquisas científicas”, esclarece Maurício. 

Atualmente, a Rede possui seis bases de dados: Coleções e Museus Universitários / NMU (841 cadastros), Pessoas (517 cadastros),  Publicações (190 cadastros), Cursos e Eventos (37 cadastros), Vídeos (09 produções) e Registros dos Fóruns Permanentes de Museus Universitários (em processo de implantação).

“É um software livre, brasileiro e que dá conta do recado”, diz Maurício sobre o Tainacan, sistema em que opera as bases de dados do RBCMU [Imagem: Reprodução/ Site Tainacan]

Impactos nacionais e internacionais

Maurício relata que não tem um controle de como a Rede é utilizada, mas recebe retorno dos pesquisadores nos eventos e fóruns que frequenta.  “Muitas pessoas vinham conversar comigo, agradecer e me parabenizar pelo trabalho. A Rede subsidia a pesquisa de mestrado, doutorado e mesmo comunicações de artigos. Ela tem sido uma fonte de consulta bem importante para quem pesquisa museus universitários.”

O projeto também é bem recebido fora do Brasil. “No Conselho Internacional de Museus, ele foi usado como referência de algo que a gente não tem nesse âmbito fora do país”, conta. O mais comum é que existam bases de dados dos museus universitários de uma universidade, e não de todo o país, como acontece na RBCMU.

Para além do impacto na comunidade científica, a Rede é importante na valorização e manutenção da memória dos núcleos museológicos universitários, que costumam receber menos recursos em relação aos grandes museus. Segundo Maurício, “são espaços muito vulneráveis, sim. Muitas vezes eles desaparecem. A ideia também é dar visibilidade para que eles se fortaleçam”.

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