A falta de atenção causado pelas telas é um dos grandes problemas da atualidade. Embora receba frequentes visitas do público que sofre com a intoxicação digital infantil, o Museu de Anatomia Humana (MAH) não tem dificuldades em prender a atenção de seus visitantes. Isso se deve ao rico acervo de peças anatômicas que geram curiosidade, além de estratégias como os jogos interativos.
A busca por didática no museu
Há dez anos, o museu passou por uma reestruturação com o objetivo de tornar o espaço mais didático. A professora Sílvia Lacchini, coordenadora e curadora do MAH, diz que “a forma de trabalhar e apresentar as peças mudou completamente”. A reformulação contou ainda com a assessoria de profissionais da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, que organizaram o design do espaço.
Após a reinauguração em 2017, a exposição fixa passou a ser dividida pelos sistemas do corpo humano. Dessa forma, “a pessoa viaja pelo corpo humano” ao ter contato com diferentes sistemas, explica Sílvia. Em seguida, o visitante conhece a Cápsula Alfonso Bovero, uma amostra do laboratório do fundador que dá nome ao Museu. A parte final da exposição discute o desenvolvimento humano, com peças que demonstram técnicas especiais de conservação, fetos e anomalias.
A sala didática fica localizada no fim da visita. Nela, estão distribuídos modelos anatômicos artificiais, utilizados pelos professores que levam seus alunos até o Museu. O espaço também conta com diversos jogos interativos relacionados à anatomia humana, como caça-palavras, dominó, entre outros.
Durante as férias, a sala didática é ocupada por exposições temporárias de assuntos que se relacionam com a anatomia de alguma forma. Para julho de 2024, a professora Sílvia informa que será realizada uma exposição sobre lesões e futebol.
Nas redes sociais, o museu conscientiza o público sobre os mais diversos temas do corpo humano, desde a importância da água para os dente até a fisiologia por trás do bronzeamento.
Todas essas estratégias têm o objetivo de cumprir o papel educativo do Museu. Segundo Lacchini: “a ideia é efetivamente atrair as escolas para que o professor chegue aqui e possa usar a estrutura para dar uma aula e atividades de anatomia aqui dentro”. Já para o visitante, “a ideia é que ele chegue e tente descobrir mais coisas sobre o seu corpo”.
A professora ressalta a importância desse trabalho informativo: “Se o indivíduo tiver uma percepção do seu próprio corpo, ele vive muito melhor”.
Reação do público
Após guardarem os celulares por instruções do museu, a turma do segundo ano do ensino médio do Colégio Múltiplo de Campinas seguiu para uma visita no MAH. Por uma hora e meia, os estudantes ficaram imersos no universo da anatomia, conta o professor Caio Moretto, mestre em educação pela USP responsável pelos alunos durante a visita.
Na escola, eles estavam estudando justamente o conteúdo apresentado no museu: os sistemas do corpo humano. “O contato com anatomia ajudou eles a trazerem para realidade as questões que eles estavam vendo num plano mais teórico“, explica Caio.
Para o professor, “foi um momento de tomada de consciência corporal sobre a própria saúde e também sobre os cuidados com a própria saúde”. Obesidade e tabagismo foram temas levantados pelos estudantes, além das mais diversas dúvidas sobre o próprio corpo. Além disso, o professor relata que os alunos puderam trabalhar a atenção e ter “seu olhar transformado” ao receberem novos aprendizados. A visita foi tão bem sucedida que o colégio pretende voltar com outras turmas.
Visitação
O Museu de Anatomia Humana fica localizado na Av. Prof. Lineu Prestes, 2415 e recebe visitas avulsas de 3ª a 6ª feira, das 13h às 16h. Para visitas de escolas e grupos, deve ser realizado o agendamento via formulário eletrônico. Antes do agendamento, é necessário que o professor participe previamente da ação educativa “Encontro com a Curadora”. Mais informações podem ser encontradas no site do MAH.
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