Projeto do Museu de Zoologia da USP traz estudantes das 5 regiões do Brasil para imersão científica

MZ Brasil selecionou 5 estudantes de biologia, um de cada região do país, para passarem uma semana no Museu conhecendo os profissionais e as pesquisas

MZ Brasil reúne estudantes de todo o Brasil no Museu de Zoologia da USP. [Imagem: Reprodução/Museu de Zoologia da USP]

Já imaginou poder passar uma semana inteira, sem nenhum custo, no Museu de Zoologia da USP (MZ) que conta com o maior acervo de história natural da América Latina? Essa experiência tentadora foi oferecida para cinco estudantes de cada região do Brasil, para que pudessem conhecer e aprender com o Museu e seus profissionais.

O MZ Brasil, nome oficial do projeto, nasceu da vontade de aproximar o estudante de graduação do Museu, apresentando-lhe a estrutura e as oportunidades de ensino para o futuro. Com mais de 100 inscrições, os profissionais do Museu de Zoologia da USP escolheram, entre tantas cartas motivacionais e recomendações, cinco estudantes para se instalarem no Museu por uma semana, de 7 a 11 de novembro. 

O diretor do Museu, Marcelo Duarte, em entrevista concedida à Agência Universitária de Notícias (AUN) no último dia do projeto, compartilhou como esta instituição pública de pesquisa, mundialmente reconhecida, sempre possibilitou a inclusão do público, embora ela fosse dificultada muitas vezes pela logística de transporte até o local, por condições financeiras ou ainda por desconhecimento. Para ele, o MZ Brasil é a realização de um projeto que traz para dentro do Museu estudantes que possivelmente jamais sonhariam em estar ali. 

Da esquerda para a direita, Karoline, Caroline, Ruan, Ana Beatriz e Yenifer, com uma das peças raras do Museu. [Imagem: Arquivo pessoal de Marcelo Duarte]
A programação contou com visita guiada a todos os laboratórios e acervos do MZUSP, além de encontros com especialistas de cada área. No momento da inscrição, o aluno pôde especificar qual sua área de interesse, para que, quando no Museu, pudesse entender como é feita a pesquisa do profissional que trabalha com a área almejada. 

A estrutura do Museu de Zoologia é uma exceção entre as existentes no Brasil, que vivenciam uma realidade, na maioria das vezes, precária, como a de Ana Beatriz Silva Melo, representante do Nordeste. A graduanda da Universidade Federal de Alagoas trabalha em um Museu na sua região que não se compara com a estrutura e a capacidade do MZ — que abriga peças e espécies raras, encontradas somente ali. A estudante comentou que também trabalha com exposição e pretende aplicar os aprendizados do MZ em seu estado, apesar da grande falta de equipamentos. 

O acervo do Museu foi fonte de surpresa e de admiração para todos, mas especialmente para Karoline Gomes Lima, representante do Norte e estudante do Instituto Federal do Amazonas, em Manaus. Quando foi aceita no MZ Brasil, Karoline imaginava que iria apenas conhecer o Museu, mas suas expectativas foram superadas ao perceber “como cada coleção do MZ é particular e tem um curador específico”. O acolhimento dos pesquisadores foi outro ponto que chamou a atenção. “Às vezes, as pessoas ficam só no seu laboratório, sem contato com ninguém, e aqui nós nos envolvemos com outros cientistas e recebemos apoio e incentivo muito especiais”, comenta ela.

Estar envolvido intensamente no Museu por uma semana, para Ruan Vieira Vaz, estudante da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e representante do Sudeste, foi crucial para que compreendesse ainda mais as problemáticas e a importância da manutenção de um acervo tão grande. Para ele, “O problema universal de todos os museus é a dificuldade de trabalhar em um espaço limitado pelos recursos limitados”, diz. Apesar disso, a noção de que ciência é algo coletivo foi reafirmada para ele, e a vontade já existente de fazer uma pós-graduação no MZ cresceu ainda mais.

Para outros, a vontade de continuar estudando no Museu realmente tornou-se realidade ao chegarem ali, como Caroline Xavier de Almeida. A representante do Centro-Oeste e estudante da Universidade Federal do Catalão está encaminhando a continuação dos estudos ali, de tão encantada com o MZ. A experiência foi um divisor de águas — ela estava em dúvida sobre a especialidade e a convivência com os pesquisadores a ajudou a se decidir.

Os estudantes tiveram a oportunidade de visitar e conhecer os diversos laboratórios do Museu. [Imagem: Arquivo pessoal de Marcelo Duarte]
A representante do Sul, Yenifer Carolina Cajas Guaca, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu, ressaltou que projetos como esse são de extrema importância para divulgar conhecimento e atrair a sociedade até o Museu. “Para que a sociedade comece a proteger a biodiversidade, ela precisa conhecer a biodiversidade”, comenta ela. Natural da Colômbia e apaixonada em Museus desde criança, ela se encantou com a vivacidade do MZUSP, que se estende à pesquisa e à integração com a sociedade.

O intuito do diretor do Museu é ampliar o projeto para mais alunos e por mais dias. Segundo ele, as expectativas foram além do esperado e a direção almeja dar esta oportunidade a cada vez mais estudantes, para que, assim como os cinco selecionados, possam ampliar seu conhecimento e ver o Museu como uma possibilidade de continuação do ensino superior, com uma pós-graduação, por exemplo. Para Marcelo, ouvir o impacto da experiência em cada um dos jovens é a maior prova da importância de incentivar a ciência. “Que não tenhamos mais que tolerar ideias negacionistas”, diz. 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*