Cebimar realiza atividades em parceria com organizações e estudiosos do mundo todo

Com sete professores formados em áreas distintas da biologia marinha, equipes de pesquisa do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) se preocupam em investigar a vida marinha costeira

A Praia do Segredo, utilizada para pesquisas do Centro, é uma das mais preservadas da região. [Imagem: Reprodução/Facebook/CEBIMarUSP]

O litoral brasileiro, banhado pelo oceano atlântico e com aproximadamente 8 mil quilômetros de extensão, está entre os 20 maiores do mundo. No entanto, como aponta um levantamento da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos divulgado no final de 2023, apenas 1,2% dessa área rica em biodiversidade está protegida em unidades de conservação ambiental e é nessa pequena porcentagem que se encontra a Área de Relevante Interesse Ecológico de São Sebastião (ARIE de São Sebastião), unidade de conservação estadual no litoral norte de São Paulo onde está localizado o Cebimar. 

Com estudos de relevância nacional e internacional, o Centro de pesquisa realiza atividades em parceria com organizações e estudiosos de todo o mundo no campo da biologia e ecossistemas marinhos. A unidade, pequena e fisicamente distante dos campus centrais da USP, é erroneamente associada com outros institutos da universidade, como revela seu atual diretor, André Carrara Morandini: “Muitas pessoas pensam que o Cebimar é conectado ao Instituto Oceanográfico da USP (IO). Claro, os dois locais realizam pesquisas em ambientes marinhos, mas cada um tem a sua particularidade.”

O grande diferencial entre as atividades desenvolvidas no Cebimar e o IO, ou outros centros de estudos marinhos, é o envolvimento direto das equipes de pesquisa de São Sebastião com os organismos. Dos sete professores que lideram os grupos de pesquisa, dois são especialistas em ecologia, ou seja, se preocupam em entender as relações entre os seres vivos e o meio ambiente em que vivem; dois pesquisam a diversidade de invertebrados; um se dedica ao estudo da evolução de corais; outro desenvolve pesquisas sobre fisiologia marinha; e Áurea Ciotti, atualmente única professora da unidade, analisa microalgas e as propriedades ópticas da água.

Cebimar tem laboratório dedicado ao estudo de corais, organismos formados por colônias de cnidários com função de filtração e de fornecer abrigo e alimentação para outros seres marinhos. [Imagem: Alvaro E. Migotto/Cifonauta]
Tito Lotufo, professor e chefe do Departamento de Oceanografia Biológica do IO, explica que o objeto de estudo no Instituto Oceanográfico são os oceanos, ou seja, os sistemas marinhos em totalidade. “Trabalhamos em um contexto mais abrangente que envolve toda a parte abiótica do oceano. A biologia está inserida no contexto oceanográfico, mas não nos restringimos a isso: desenvolvemos a oceanografia aplicada com a física, a química, a geologia e, também, os organismos”, completa.

Da costa para o mar aberto

A maioria dos estudos do Cebimar se concentra em regiões próximas à costa de São Sebastião e ao arquipélago de Alcatrazes, mas isso não significa que o trabalho dos pesquisadores seja em escalas microscópicas. Na verdade, segundo Marcelo Kitahara, professor e coordenador do Laboratório de Evolução e Sistemática de Anthozoa do Cebimar, algumas pesquisas tomam grandes proporções, como os estudos da professora Ciotti com os fitoplânctons conjunto de microrganismos fotossintetizantes muito importantes em ecossistemas aquáticos.

“Existem milhares de organismos na água que absorvem mais ou menos certos comprimentos de luz e, como consequência, modificam a cor na região em que estão. O trabalho da professora Áurea com fitoplâncton é em uma escala gigantesca. Ela utiliza até imagens de satélite para monitorar essa mudança de cor do oceano”, explica o professor.

Acúmulo de microalgas na região norte do litoral paulista observado por satélite. [Imagem: NASA/GSFC/OBPG]
Além dos estudos sobre a bio-óptica da água, Marcelo cita um projeto de mapeamento da genética da população de todas as espécies de corais da costa brasileira em desenvolvimento pelos pesquisadores de seu laboratório. “Estamos falando de 8 mil quilômetros de litoral, não dá para dizer que é um estudo de pequena escala, né? Realizamos pesquisas mar adentro, de grandes proporções. O nosso diferencial é ter o foco sempre no organismo e, obviamente, na análise das forçantes ambientais que agem sobre esses tipos de vida marinha.”

Desde sua fundação em 1955, o Cebimar auxilia na continuação de serviços ecossistêmicos, uso dos recursos marinhos e proteção da biodiversidade. As pesquisas desenvolvidas são usadas para avaliar o impacto das mudanças climáticas, de atividades humanas e, devido ao mapeamento de diversas espécies e regiões, servem como base para estudos de outros pesquisadores ao redor do mundo.

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