Estudo aponta o perigo da contaminação e replicação do novo coronavírus nas glândulas salivares

Descoberta, além de oferecer o ponto de partida para novas pesquisas, também ressalta a importância do uso de máscaras

Foto: Freepik

Em abril deste ano, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) publicaram estudo que constata a capacidade de replicação e armazenamento do novo coronavírus nas glândulas salivares. 

Segundo Bruno Matuck, doutorando da Faculdade de Odontologia da USP (FO-USP) e primeiro autor do artigo, a pesquisa justifica a eficiência dos testes salivares frente ao swab nasofaríngeo (cotonete), uma vez que mesmo nos pacientes assintomáticos o vírus pode se replicar por essa via.

Esse exame é muito mais seguro, uma vez que não se faz necessária a presença de um profissional da saúde para coleta. O próprio paciente que quer se testar pode coletar sua saliva em um tubo, em casa mesmo, e mandar para análise sem colocar em risco um agente de saúde”, explica em entrevista à Agência Universitária de Notícias (AUN).

Um novo caminho para compreender a atuação do vírus

O doutorando afirma que o Sars-Cov-2 é o primeiro na literatura a ser identificado com essa capacidade e, portanto, a importância desse potencial de contaminação demanda maior atenção. “Imaginava-se que para pessoas assintomáticas, a capacidade de transmissão fosse muito reduzida, uma vez que não há contaminação dos fluidos secretados durante a fala, por essas secreções respiratórias”, conta. 

Embora a dedução era de que a contaminação ocorresse unicamente por fluidos respiratórios, a pesquisa, segundo Bruno, está mostrando a capacidade do novo coronavírus de ser um agente contaminante por si só. “O que trazemos de novo é exatamente a sua habilidade de replicar e tornar-se viável em fluidos puramente salivares que são compartilhados durante o dia dia ou mesmo jogados no ar durante uma conversação”, completa.

Em vista disso, o estudo está oferecendo novas direções à comunidade acadêmica para entender as particularidades do contágio em pacientes assintomáticos, os quais, de acordo com o pesquisador, são determinantes para os riscos que o vírus oferece para a sociedade.

Mas e as máscaras?

Uma das primeiras medidas impostas pelas autoridades na tentativa de conter a disseminação da pandemia de Covid-19 foi implementar a obrigatoriedade do uso de máscaras faciais em espaços públicos. A partir de então, o cenário de pessoas circulando com máscaras cirúrgicas, tecido ou do tipo PFF2 (Peça Facial Filtrante 2) cobrindo o rosto se tornaram comuns não só em São Paulo, como em todo país. 

No entanto, ainda é comum ver cidadãos utilizando de forma errada ou até mesmo não usando máscaras em espaços compartilhados. Mais comum ainda é observar pessoas sem ela em espaços fechados, mesmo que sem aglomeração. A respeito de situações como essa, Bruno afirma que elas ainda podem oferecer riscos aos envolvidos.

Um bom exemplo para entender isso é o preparo de alimentos em restaurantes. Uma equipe que se comunica durante o preparo dos alimentos, conversando – e que está sem máscara – jogará suas gotículas de saliva sobre alimentos e superfícies que serão consumidos por terceiros”, explica, contemplando a importância da proteção em qualquer situação de contato social. 

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