A pandemia do Coronavírus surgiu no final de 2019, na cidade de Wuhan, na China, e chegou ao Brasil no início de 2020. O vírus e seu perigo à saúde da população surpreendeu toda humanidade e impossibilitou que muitos planos se concretizassem. Entre eles, a tão sonhada experiência universitária.
Após mais de um ano, respeitando as medidas de isolamento social e em meio ao ensino remoto, alunos integrantes da Comissão de Recepção 2021 do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) tiveram uma ideia para envolver os calouros na dinâmica universitária. Neste sentido, surgiu o aplicativo “Mapinha”.
O projeto é um jogo com simulação virtual do campus do IME e suas principais instalações. Os alunos veteranos também tiveram o cuidado de replicar detalhadamente pontos relevantes da experiência no local, como o símbolo do instituto, o matemático Arquimedes.
O aplicativo foi apresentado na semana de recepção aos calouros, que aconteceu de 12 a 16 de abril. A comissão iniciou os preparativos para o acolhimento dos novos alunos meses antes, em dezembro de 2020. Como de costume, todos os preparativos para a semana seguiram o tema escolhido pela comissão: o jogo Pokémon.
Conheça o jogo
O “Mapinha” foi desenvolvido por meio da plataforma RPG Maker e teve a contribuição de muitos integrantes da comissão. Além das pessoas que contribuíram para a programação do jogo em si, outros grupos trabalhavam no design, marketing, edição e diversas outras tarefas. Ao todo, mais de 50 pessoas participaram da comissão organizadora.
Entretanto, a elaboração do projeto não foi fácil. Luana Giacomini, de 21 anos, foi uma das integrantes da comissão e acompanhou de perto esse processo. A estudante de Licenciatura em Matemática Aplicada no IME relata que o desenvolvimento do “Mapinha” durou um tempo até ficar pronto. Aliado a isso, a plataforma utilizada para a criação do jogo oferecia algumas bases com referências do Pokémon prontas, mas alguns detalhes do campus precisaram ser desenhados e incluídos por programação (como a mesa de sinuca no centro acadêmico, por exemplo).
Outra parte importante do jogo, que precisou ser implementada, refere-se aos personagens dos integrantes da comissão. O “Mapinha” conta com praticamente todos os membros da organização, que interagem com os usuários do jogo. Para isso, foi preciso criar pequenos personagens de cada integrante no Photoshop em formato pixelado e escrever uma frase apropriada que será visualizada pelo calouro. “Você falava com alguém no joguinho e depois falava com essa pessoa na semana de recepção e aí até brincavam ‘te vi lá no mapinha’, era engraçado”, cita Giacomini, que também relata que a dinâmica fez com que os calouros se aproximassem ainda mais dos integrantes da comissão.
Para a reconstrução virtual do campus, os desenvolvedores consideraram os ambientes mais utilizados pelos calouros e graduandos do IME. Alguns setores que são utilizados apenas por pós-graduandos, por exemplo, não foram adicionados. A simulação foi feita para ficar de uma forma muito realista. Por isso, fizeram uso de medidas matemáticas do mesmo tamanho das medidas reais.
Esses detalhes foram essenciais para recriar uma experiência do saudoso — e aguardado — período presencial. O jogo também serviu para os calouros de 2020 relembrarem os poucos momentos vivenciados no Instituto, além de se familiarizarem com ambientes que não tiveram a oportunidade de explorar.
Com foco nos ingressantes, algumas atividades e situações que aconteceriam em tempos normais foram reproduzidas. Um exemplo é a pintura dos rostos dos calouros com tinta, feitos pela personagem Bulia, apelido da presidente da comissão no jogo. No início do game, o usuário também irá passar por um professor que não para de falar sobre matemática, até que um veterano o salve. São várias situações desse tipo para que o calouro conheça mais do lugar.
“A gente tentou criar um espaço mais para a pessoa sentir mesmo [o ambiente]”, comenta Giacomini. Ao longo de todas essas atividades e situações, há um desafio: o usuário deve coletar dez Arquimedes que estão espalhados pelo campus. Assim que coletar todos, poderá descobrir a palavra que falta. “O objetivo é achar os Arquimedes e ficar explorando. Conhecer o máximo de lugares possíveis com as várias interações”, explica.
Experiência de uma caloura
A caloura de Bacharelado em Matemática Aplicada e Computacional no IME, Heloísa Tambara, conheceu o jogo logo nos seus primeiros dias na USP. Após um período de cursinho pré-vestibular e fim do Ensino Médio, o ensino remoto já era uma realidade. A expectativa para retorno rápido à faculdade não era animadora.
“Eu estava muito chateada de ter que passar meu ano de bixete em casa, principalmente de não conhecer meu Instituto e entrar na USP sem saber onde vou estudar”, relata a jovem de 18 anos. Ela ainda comenta que pensou que não iria conhecer ninguém e que os professores seriam indiferentes.
A experiência da ingressante com a semana de recepção e com o projeto “Mapinha” mudou sua percepção positivamente. Heloísa e os outros colegas ficaram animados ao saberem de tudo que estava sendo preparado para eles e o aplicativo teve muito engajamento, assim que ficou disponível para download.
“Mesmo online, depois da semana de recepção, já não me senti mais perdida na faculdade e as pessoas da comissão continuam ajudando a gente até hoje com a maior boa vontade. Tenho certeza que quando as aulas voltarem vou me sentir em casa no IME, mesmo saindo de casa pela primeira vez em tanto tempo”, comenta. A estudante também relata que todo o resto da semana de recepção foi legal e que foi possível conhecer muitas pessoas, com as quais já planeja se encontrar depois da pandemia.
Para fazer o download do “Mapinha” é só seguir as orientações presentes no site oficial da Comissão de Recepção do IME. Confira: https://recepcao.ime.usp.br/ime/
Veja também um vídeo de Giacomini apresentando o jogo e seu funcionamento:
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