Especialista da USP reforça a importância do exercício físico no dia-a-dia de uma pessoa asmática

Exercícios aeróbios, como a caminhada, a corrida, a dança e a natação, são grandes aliados no tratamento de pessoas com asma mostra estudo

Pessoa asmática [Fonte: iStockphoto]

A asma é uma doença pulmonar crônica que consiste na obstrução dos brônquios, que ficam inflamados, estreitos e inchados, causando falta de ar, chiado e aperto no peito. Geralmente o tratamento indicado é o uso de inaladores (“bombinha”), que têm efeito variado de acordo com a gravidade da doença. Além disso, o professor Celso de Carvalho do Departamento de Fisioterapia Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP ressalta os benefícios dos exercícios físicos para quem tem a condição, também levando em consideração que fatores como depressão, ansiedade, obesidade e sedentarismo contribuem para o agravamento.

As informações constam nos estudos A importância de caminhar e não ficar sedentário para o indivíduo com asma, Qual o melhor exercício para asma? e Asma, o que há para tratar além do pulmão?, os quais o professor Celso é responsável, publicados em 2020 em revistas de renome científico (Chest, Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice e European Respiratory Journal, respectivamente). As pesquisas são importantes referências para compreender as diversas questões que compõem o quadro de saúde de uma pessoa asmática. 

Segundo Carvalho, alguns fatores e comorbidades, como pessoas altamente ansiosas, altamente deprimidas ou mesmo a obesidade, agravam o quadro de asma. “A pessoa quando é obesa, por exemplo, tem que carregar mais peso pela obesidade. Então, ela tem que respirar mais, isso faz com que ela tenha mais cansaço, mais falta de ar. A obesidade diminui a capacidade do pulmão. E aí a pessoa tem mais falta de ar”, diz o pesquisador.

Além disso, os aspectos psicológicos também são importantes. Crianças antes de eventos como uma prova escolar ou pessoas que estão com uma questão emocional muito importante acabam tendo mais crises, por exemplo. Todos esses fatores contribuem para que a pessoa tenha mais problemas e necessite mais de  medicamento.

Apesar dos benefícios, muitos indivíduos asmáticos se mostram receosos quanto a  práticas de exercício físico que exigem muito da função pulmonar, por medo de desencadearem a asma induzida por exercício (ou AIE). Nesse ponto, o professor é sucinto: “a asma induzida por exercício acontece quando a pessoa asmática está inativa há muito tempo e fisicamente descondicionada. Por conta disso, o exercício de qualquer atividade desencadeia a crise”. 

No entanto, o exercício físico aeróbio é fundamental para o controle asmático e é um dos grandes responsáveis por um quadro de “menos sintomas, menos uso de medicamento e melhor qualidade de vida” desde que a pessoa com asma faça os exercícios “de maneira adequada, progredindo com supervisão e de maneira lenta e dentro das possibilidades dela”. 

O exercício físico ajuda a educar nossa respiração adequando a cadência respiratória e fortalece os músculos da região pulmonar, o que a longo prazo diminui os efeitos da asma de forma muito mais efetiva do que os exercícios respiratórios, comuns ao tratamento de pessoas asmáticas.  

Uma caminhada de 20 a 30 minutos por dia é suficiente para uma melhora dos sintomas e respeitando as normas de isolamento social pode ser incorporada facilmente na rotina. Dançar ou fazer exercícios em casa também ajudam e são melhores do que ficar inativo. 

Por outro lado, o professor adverte: “a indicação correta da intensidade correta do exercício correto é também muito importante. Então, seria importante que mesmo que a pessoa tivesse em casa, fazendo exercícios através dessa maneira, que ela tenha, mesmo que de longe, uma orientação, uma supervisão, para auxiliar na progressão, porque muitas vezes as pessoas cometem pequenos erros e isso acaba piorando ao invés de melhorando.”

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