A Faculdade de Odontologia da USP, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), participa há quase um ano do projeto Telessaúde Brasil Redes. De autoria do Ministério da Saúde, o programa tem como objetivo principal incrementar a qualidade do atendimento e da atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS) com o uso de tecnologias.
A ação da Faculdade se baseia na prestação de teleconsultoria – isto é, no aconselhamento e no oferecimento de dicas e instruções através de e-mails ou de ligações telefônicas – aos profissionais responsáveis pela atenção primária dos pacientes. Professores e especialistas podem fornecer conhecimento aos dentistas do SUS e ajudar no correto tratamento dos indivíduos que apresentam problemas odontológicos.
Enquanto a Unifesp se encarrega da comunicação e consultoria de médicos e enfermeiros, a Faculdade de Odontologia concentra suas atenções nos odontologistas focados nos cuidados primários. Muitas vezes, esses profissionais são recém-formados e ainda carregam muitas dúvidas e inseguranças em relação a como proceder em determinadas situações. E é aí que entra a utilidade de se obter consultoria de dentistas mais experientes.
“É uma contribuição fantástica. Esse odontologista jovem tem muitas questões que precisam ser resolvidas. Há estudos que mostram que, em cada turno, há normalmente 4 ou 5 dúvidas por profissional. Então, ele encaminha o paciente para o segundo nível de atenção – o que poderia ser evitado. Ele não faz isso, e acha melhor passar o caso adiante. Isso acarreta um número cada vez maior de pessoas sendo levadas a hospitais desnecessariamente. Com a assistência da teleconsultoria, ele tem suporte. Por e-mail, temos até 72h para responder. No entanto, tentamos sempre dar um retorno antes disso”, comenta Mary Skelton. A docente é responsável pelo Núcleo de Telessaúde, Teleodontologia e Centro de Produção Digital, que cuida do projeto na Faculdade de Odontologia.
De acordo com a professora, através do aconselhamento de odontologistas mais experientes, foi comprovado que o custo do procedimento de atenção primária pode ser reduzido em 50%. “Isso acontece porque, com a ajuda que nós fornecemos, cai o número de encaminhamentos de pacientes, o que diminui os gastos em transporte e assim por diante”, justifica. Além disso, Mary afirma que a qualidade do atendimento é ainda maior, uma vez que o tratamento é mais preciso.
Existe ainda mais um ponto positivo, conforme explica Skelton. “Percebemos que, quando o profissional percebe que tem apoio e pode fazer perguntas, ele passa a querer tirar várias dúvidas.” Assim, a formação do dentista é incrementada, e o paciente só tem a ganhar.
O uso dessas tecnologias para complementar a atenção àqueles que demandam cuidados odontológicos é inovador e pode representar um grande avanço no campo da saúde. O Núcleo de Telessaúde, Teleodontologia e Centro de Produção Digital tem como objetivo, de acordo com Mary Skelton, ser pioneiro em relacionar, de modo cada vez mais integrado, a educação e as técnicas emergentes ligadas ao conhecimento científico.
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