Uma das principais preocupações dos donos de cavalos de corrida é o fato de que os animais podem se machucar não só durante uma prova, como também pelo desgaste dos treinos e preparações envolvendo exercícios impostos que, apesar de não serem extenuantes, não são comuns de um animal que fica em liberdade. Um caso extremamente recorrente é a osteoartrite, que pode ser tratada, mas não curada.
Por isso, um modo de detectar essa lesão de forma bem inicial está sendo pesquisado por alguns alunos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. O projeto foi iniciado em março de 2017 e, a princípio, tem previsão para durar dois anos. O professor Luis Claudio Lopes Correia da Silva, que está comandando a pesquisa, explica que eles estão trabalhando com dois grupos de cavalos: um que está iniciando o treinamento e outro com animais que já apresentam algum tipo de alteração na articulação.
“Os cavalos do segundo grupo vão continuar sendo tratados pelo veterinário da forma que ele achar adequada. O nosso objetivo é apenas acompanhar como essa alteração evolui”, explica o professor. O acompanhamento no segundo grupo vai servir como base para a análise do primeiro, que ainda não tem qualquer tipo de lesão. “Queremos ver como é a adaptação da articulação e a partir de que momento esse esforço rompe a capacidade de adaptação e começa a causar alguma lesão”, diz Luis Claudio.
Para isso, os pesquisadores pretendem usar alguns marcadores para alteração e realizar constantemente exames nos animais do primeiro grupo. “Se a gente começar a detectar alguma alteração que coincida com uma alteração clínica, podemos desenvolver protocolos de exame e dosagem de marcadores que sinalizem antecipadamente se aquela articulação vai começar a sofrer com o treinamento em diferentes cavalos”, explica o professor.
Com esse diagnóstico preventivo, o tratamento para as lesões pode ser antecipado, retardando ainda mais sua progressão e ele também é importante na hora da compra e venda, muito frequente nesse âmbito. “Isso vai evitar que o comprador pegue cavalos que tem um custo altíssimo e que eles desenvolvam rapidamente uma lesão que pode até se tornar irreversível, fazendo com que eles saiam do esporte e parem com a atividade física”, explica Luis Claudio. Pensando que cavalos de corrida podem ter preços acima de 100 mil reais, o prejuízo, realmente, seria muito grande.
O projeto inicial tem previsão para durar até 2019, mas o professor Luis Claudio está confiante de que ele vai se expandir ainda mais com o passar dos anos. “A pesquisa pode ser emendada com outros projetos e outras coisas vão começar a ser avaliadas, por exemplo, melhor tratamento na evolução da doença, quais são os mais usados, outras dosagens, outras técnicas de exame, entre outras”, finaliza.
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