Em sua dissertação de mestrado, o pesquisador Daniel Cavallari revisou 29 espécies de moluscos do grupo dos Vetigastropoda, disponíveis no acervo do Museu de Zoologia e em outros acervos internacionais, e encontrou três possíveis novas espécies.
Vetigastropoda é um grande grupo de moluscos gastrópodes (caramujos, lesmas e caracóis) com cerca de 3.700 espécies que se distribuem pelos oceanos de todo planeta. A maioria dos membros do grupo dos “veti” possui uma substância brilhante que lhes dá uma coloração atraente, porém o que define e separa essa Superordem dos demais moluscos gastrópodes são características anatômicas e moleculares. “A substância que dá origem a esse brilho (que os cientistas denominam iridescência), o nácar, não é uma característica exclusiva dos Vetigastropoda, mas se você viu uma concha de caramujo brilhante à venda em alguma loja de artesanato, a maior chance é de que seja um “veti”. Esses animais pertencem a uma das linhagens mais antigas dentre os gastrópodes e possuem habitats e hábitos de vida muito variados. É possível encontrá-los tanto em costões rochosos quanto nas regiões mais profundas do oceano.
Revisita aos táxons
A classificação das espécies animais e vegetais permite aos cientistas compreender melhor a natureza e suas relações, sobretudo evolutivas. Trabalhos de revisão de táxons- nome dado ao conjunto biológico de qualquer nível de classificação, por exemplo reino filo e ordem- são fundamentais para que os conhecimentos sobre determinado grupo ou espécie se aprofundem, abrindo caminho para novas pesquisas em outras áreas das ciências biológicas. “Quando um taxonomista revisa um táxon, ele está, na verdade, organizando os dados em seu nível mais basal: procurando determinar “quem é quem”.
A importância da catalogação
A crise da biodiversidade é uma realidade impiedosa. Cavallari explica que somente conhecendo e estudando a fundo as espécies é possível preservá-las, mesmo que seja no âmbito jurídico com, por exemplo, uma ação efetiva de conservação. “Corremos o risco constante que as espécies sejam extintas por ação do homem, antes mesmo que tenhamos tido a oportunidade de descrevê-las, e então, estudá-las a fundo”.
Os acervos do Museu de Zoologia da USP e outros museus de história natural são fundamentais nesse processo, oferecendo aos taxonomistas subsídios de descrição de novas espécies. O trabalho de Cavallari, teve como fonte exclusivamente exemplares de coletados nesses museus. “Isso demonstra, de fato, a importância crucial desses acervos. Nos museus de história natural e locais afins, abrigam-se verdadeiras bibliotecas de espécimes que constituem registros permanentes da biodiversidade”
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