Por João Paulo Almeida – joao.almeida@usp.br
A fotografia a partir de uma visão sistêmica é o tema do doutorado de Matheus Mazini Ramos, da Escola de Comunicações e Artes (ECA), que aponta as relações entre fotografia, arte e tecnologia.
Sua pesquisa analisa a relação que o sistema fotográfico estabelece com outros conjuntos. De maneira simplificada, uma fotografia não pode ser vista apenas como o registro de algo real, mas deve ser compreendida também, como um fluxo de conexões e passagens no contexto tecnológico atual.
O processo de mudanças estruturais, que ocorre com o sistema fotográfico, pode ser compreendido através de três concepções. O primeiro conceito é a fotografia em sua essência, como uma imagem, um registro, um apontamento do que é visto na realidade, mas em algum contexto, representação, arte ou campo do conhecimento.
Outro conceito é a fotografia colaborando com mais sistemas, onde a tecnologia é essencial e está num procedimento que indica um produto visual híbrido. “O que interessa agora é o caminhar do olhar para suas extremidades, onde as zonas de hibridação são evidenciadas”, afirma Ramos.
A terceira e última conclusão da pesquisa percorre os limites e fronteiras do sistema fotográfico e, afirma o pesquisador, os elementos que o constituem encontram-se espaçados de forma que os conceitos de fusões com outros elementos são amplificados. Aqui ocorre uma contribuição no contexto da arte e tecnologia, como conexões e intermidialidade, onde o olhar refinado do observador é o ponto chave para identificar as relações.
O pesquisador criou um verdadeiro estúdio fotográfico tecnológico e colaborativo para realizar o estudo, junto ao Grupo de Pesquisa Realidades, coordenado pela professora Silvia Laurentiz, do Departamento de Artes Visuais da ECA, que envolveu pesquisas de outros autores também. A questão principal é entender como se dão se as estruturas dentro do sistema fotográfico, não de forma separada.
Para o autor, fotografia pode ser definida como um sistema composto de diversos outros elementos que formam o todo (a própria fotografia), e em se tratando desta especificidade, há contribuições da química, física, eletrônica e também dos sistemas numéricos, quando na fotografia digital.
Ele explica que todos esses elementos possuem uma sensibilidade com seu ambiente e seu contexto e é tal sensibilidade que abre um caminho para o relacionamento dos elementos do sistema fotográfico com elementos de outros sistemas.
Isso é encontrado, por exemplo, em técnicas como timelapse (passagem do tempo), hiperlapse (timelapse em vídeo) e timelapsemining (fotografia, vídeo e sistemas numéricos). Muitos desses recursos são comumente encontrados hoje em máquinas fotográficas comuns e smartphones, ao alcance de qualquer pessoa.
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