USP tem capacidade para ser abastecida por água subterrânea, mas projeto está parado

Pesquisador diz que sistema pode gerar economia de até 8 milhões de reais

Poço tubular próximo ao Instituto de Energia e Ambiente da USP. Além deste, seis poços estão prontos para utilização, mas não recebem manutenção. (Imagem: Marcus De Rosa)

A Cidade Universitária do Campus da Capital da USP possui sete poços de extração de água subterrânea construídos em suas dependências, que deveriam desempenhar a função de abastecer o Campus. A utilização destes poços geraria uma economia de aproximadamente oito milhões de reais em contas d’água. Os poços porém, estão desativados e estagnados: não exercem função nem recebem manutenção.

A água extraída desse sistema subterrâneo não apenas geraria vantagem financeira para o Campus da Capital, mas o tornaria praticamente autossuficiente em água potável. Isso o tornaria independente dos serviços externos de fornecimento de água.

A utilização dos poços artesianos, segundo o professor Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da USP, economizaria em torno de 400 a 500 mil reais por mês em contas de água no Campus, que gasta mensalmente cerca de 1 milhão de reais em abastecimento hídrico.

O professor comenta sobre a situação dos poços, dizendo que “já há dinheiro investido no projeto. Esses poços começaram a ser construídos no fim da década de oitenta, e não temos quase nenhum em operação”. Além disso, Ricardo ressalta que o sistema pode receber investimentos modulares, ou seja, não há a necessidade de realizar uma única grande aplicação, mas sim diversas pequenas aplicações. “O investimento total pode ser coberto em um ano. A economia gerada cresceria exponencialmente, e o Campus acaba lucrando com o dinheiro investido”, relata.

Segundo o professor, a utilização do sistema de água subterrânea não apenas gerará economia financeira para a USP, mas também tornará o campus mais sustentável. “O uso dos poços significa consumir menos água do sistema municipal dentro do campus, disponibilizando mais água para a população, principalmente das regiões periféricas”, explica Hirata.

Água parada

O professor alega que ele, junto com a equipe que trabalha no projeto, não compreende o motivo da estagnação da atividade dos poços. “É um projeto que só demonstra vantagens para a Universidade, e não há risco financeiro ou sanitário”, diz Hirata.

O projeto se encontra parado devido à falta de reação da reitoria quanto às propostas. Não houve resposta sobre se o programa poderia ser ativado, ou se a reitoria forneceria o investimento necessário para tal. Essa falta de reação deixa os pesquisadores impotentes perante à iniciativa, que já recebeu investimento inicial e está praticamente pronta para a ativação.

“Os poços não oferecem risco de contaminação da água, e os que contém irregularidades precisam apenas de uma unidade básica de tratamento de água, que é de fácil acesso e instalação”, diz o professor. A água subterrânea provém de lençóis freáticos que existem nos níveis de solo abaixo da Cidade Universitária.

Segundo Hirata, há ainda uma vantagem acadêmica que provém do projeto. “Pode ser feito pesquisa em cima disso. Além de favorecer a estrutura da Universidade, é também uma fonte de estudo”.

Abastecimento e esgoto

Caso o Campus Butantã aderisse ao uso da água subterrânea, uma questão delicada seria a relação com o fornecimento municipal de água, gerenciado pela Sabesp. Segundo Hirata, essa relação pode ser facilmente reorganizada: “O Campus passaria a ter uma circulação própria de água potável. Qualquer problema que possa ocorrer com esse sistema, bastaria reabrir o registro da Sabesp, esse fornecimento não seria cancelado”.

Ainda assim, a Universidade não se isentaria dos serviços da Sabesp. “Continua sendo necessário o sistema de tratamento de esgoto, então a USP continua contribuindo para a Sabesp, e podendo ainda fornecer água para alguma área que necessite. Isso não só garante a segurança hìdrica da USP, mas contribui para a segurança hídrica de São Paulo.”

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