O Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) está conduzindo uma pesquisa pioneira no Brasil para tratar a depressão resistente. O projeto, realizado pelo Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação do instituto, busca evidenciar a Magnetoconvulsoterapia (MCT) como uma técnica de neuromodulação tão eficaz quanto a eletroconvulsoterapia (ECT, conhecido como eletrochoque), mas com menos efeitos colaterais cognitivos e sociais.
A ECT é um tratamento que utiliza estimulação para induzir crises convulsivas controladas, sendo ainda hoje uma alternativa indicada e eficaz em mais de metade dos casos de depressão resistente. Contudo, ainda ocasiona efeitos colaterais como impacto sobre a memória, além de possuir o estigma associado ao seu uso no passado.
Nesse contexto, a neuromodulação com MCT surge como uma alternativa promissora, como explica o professor André Brunoni, chefe do grupo de pesquisa. “A MCT utiliza campos eletromagnéticos sem atingir regiões profundas do cérebro, como o hipocampo, responsável pelas memórias.”, diz. “Queremos que a MCT seja tão eficaz quanto, mas sem os efeitos colaterais, como perda de memória”.
O projeto surge em um momento de aumento dos casos de depressão e ansiedade no Brasil e crescente demanda por tratamentos eficazes. Segundo Jônatas Magalhães, aluno da Faculdade de Medicina da USP (FM) e pesquisador do projeto, esse aumento evidencia as limitações das opções disponíveis. “Grande parte dos tratamentos convencionais para a depressão são baseados em teorias do século passado, e devem ser reavaliados. Precisamos pensar em novas formas de abordar esses transtornos psiquiátricos”, afirma.
A pesquisa ainda está em andamento e precisa de mais participantes. Podem se inscrever adultos entre 18 e 65 anos que tenham sido diagnosticados com depressão resistente. Para isso, o paciente deve ter passado por diversos tratamentos, incluindo medicamentos e psicoterapia, sem obter melhora significativa. Os interessados podem saber mais e se inscrever através do site do Serviço Integrado de Neuromodulação do Instituto de Psiquiatria.
“Estamos bastante esperançosos com os resultados preliminares de outros países, como Estados Unidos e Canadá, que têm mostrado bons resultados”, afirma Brunoni.
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