Pesquisa investiga história da psicologia na assistência social

Documentário conta a trajetória dos primeiros psicólogos do programa, que surgiu em 2005

Logomarca do Sistema Único de Assistência Social - Wikimedia Commons

Um novo projeto de pesquisa do Instituto de Psicologia da USP conta na forma de documentário a trajetória da psicologia na assistência social no Brasil. Dirigido pela professora Mariana Prioli Cordeiro, o estudo, que está nas fases iniciais, organiza e reconta as memórias dos psicólogos que atuaram nos primeiros anos do Sistema Único de Assistência Social (Suas), implementado em 2005. 

O projeto começou em setembro de 2024 e tem previsão de finalização em agosto de 2026. a motivação por trás da pesquisa surgiu da percepção difundida de que a psicologia na assistência social teria “caído de paraquedas” ou que fosse uma área de atuação recente. “Não é recente, só não existem tantos registros e um reconhecimento da assistência social como uma área de atuação importante”, argumenta a pesquisadora. A implementação do SUAS em 2005 como parte do sistema de seguridade social atraiu muitos psicólogos, mas o campo já contava com a presença de profissionais mesmo antes disso.

Uma das estratégias do projeto é a produção de documentários. O objetivo é utilizar linguagens que rompam as fronteiras da universidade e alcancem um público mais amplo. “Queremos que as pessoas conheçam essas histórias, que saibam que o que temos hoje na assistência social foi construído ao longo de muitos anos de dedicação e trabalho,” afirma Mariana.

O documentário pretende entrevistar profissionais que começaram a atuar nos anos iniciais do Suas, capturando os desafios desse período de implementação. “Queremos entender como foi para esses psicólogos atuarem em uma área em construção, muitas vezes sem uma formação específica e enfrentando um cenário de constantes mudanças normativas”, explica Mariana.

Uma característica deste projeto é o uso da história oral, baseada nas memórias e experiências dos entrevistados. “Nosso objetivo não é apenas registrar o passado, mas construir uma narrativa que reconheça a importância histórica dos psicólogos na assistência social”, afirma a professora. Essa abordagem dialoga com o construcionismo social, enfatizando que o conhecimento é produzido de maneira colaborativa e que a pesquisadora também é parte ativa desse processo. 

A divulgação dos resultados não se restringirá aos meios acadêmicos. O projeto já conta com o Portal Psicologia na Assistência Social, um site que funciona como uma biblioteca virtual temática. Além disso, a equipe produz podcasts, vídeos curtos no Instagram e listas de bibliografias comentadas. Ao fim da produção do documentário, Mariana pretende escrever também um livro com as histórias dos profissionais entrevistados. A proposta é garantir que o conhecimento gerado chegue ao maior número possível de pessoas, contribuindo para uma compreensão mais ampla da psicologia na assistência social.

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