Programa de pesquisa oferece inclusão e formação profissional com atividades físicas adaptadas para graduandos da educação física

Roberta Gaspar avalia como o conceito aprendizagem-serviço pode transformar a formação de estudantes e impacta a qualidade de vida de pessoas com deficiência

Educadora física (à esquerda) acompanha atividade física de pessoa em reabilitação (Foto: Arquivo pessoal)

A inclusão de pessoas com deficiência em atividades físicas é um desafio que exige preparo e sensibilidade dos profissionais da área da educação física. Diante deste cenário, a pesquisadora Roberta Gaspar desenvolveu, ao lado de seu co-orientador, o professor Otávio Furtado, um projeto que promove uma troca entre seus participantes, ensinando futuros profissionais a enfrentar esse desafio, enquanto transforma a vida de pessoas com deficiências e transtornos do neurodesenvolvimento. 

Sob liderança do professor Otávio, o projeto desenvolvido na Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE) tem como principal virtude a aplicação do conceito de aprendizagem-serviço, também conhecido como service learning, um modelo que une a formação teórica à atuação prática na sociedade.

“O conceito do service learning necessita que haja uma reciprocidade: ao mesmo tempo que o aluno aprende, oferecemos um atendimento social de fato”, explica Roberta. No programa, os alunos participam de uma preparação teórica sobre as deficiências no primeiro semestre e, no segundo semestre, entram em campo, supervisionados, para atender pessoas da comunidade. “Os alunos não só aprendem sobre as deficiências, mas se tornam mais confiantes para atuar com esse público e ganham habilidades que os tornam melhores profissionais e cidadãos”, complementa a pesquisadora.

O programa tem como foco pessoas com deficiências e transtornos do neurodesenvolvimento, que muitas vezes enfrentam barreiras para participar de atividades físicas. A primeira etapa do processo envolve uma avaliação médica detalhada dos participantes, realizada na própria EEFE, e na segunda etapa são realizadas entrevistas e avaliações físicas pelos alunos, garantindo que os exercícios sejam planejados conforme suas necessidades individuais. “A partir do momento que a pessoa com deficiência entra no programa, passa por uma anamnese [consulta] bem detalhada e, o estudante designado a acompanhá-la faz uma prescrição de treino específico para cada voluntário”, descreve Roberta.

               

Aluna da EEFE (à esquerda) acompanha atividade física de pessoa em reabilitação (Foto: Arquivo pessoal)

Além dos benefícios para os participantes, o programa também contribui para a formação de profissionais da educação física com uma visão ampliada sobre o papel da atividade motora na saúde de populações vulneráveis. “O profissional da educação física tem que trabalhar na saúde também. Somos bons nisso, só precisamos aprender, os alunos precisam ter esse contato”, reforça a pesquisadora.

O trabalho de Roberta também investiga como essa experiência prática impacta a motivação e a autoeficácia dos estudantes, avaliando se o contato com pessoas com deficiência muda suas atitudes e prepara melhor para o mercado de trabalho. Em contrapartida, para os participantes as sessões regulares de exercício são uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida e a sua inclusão social, algo mais complexo diante das limitações das deficiências.

Com quatro meses de duração e frequência de duas vezes por semana, o programa tem ajudado a quebrar barreiras e a criar um ambiente de inclusão, onde tanto alunos quanto participantes desfrutam dessa oportunidade. “Estamos oferecendo mais do que treinamento físico, estamos criando vínculos e promovendo transformações que vão além da academia”.

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