Professores da USP desenvolvem prótese com cores e texturas customizáveis

A personalização ajuda na auto estima ao permitir combinações entre o estilo do indivíduo e a prótese

São várias texturas e cores que podem compor a prótese [Foto: Vito Santos]

Em uma parceria entre professores da Escola Politécnica (Poli) e a Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, pesquisadores desenvolvem uma prótese de braço customizável de acordo com o usuário. O objetivo é fornecer cores e texturas variáveis para a pessoa escolher quais combinam mais com a sua personalidade. 

A prótese é composta por quatro cilindros externos removíveis que funcionam como anéis que podem ser trocados e compor o estilo da pessoa. Fabricadas por impressoras 3D, as peças se encaixam em volta de uma estrutura metálica onde fica um motor. 

Chi Nan Pai, professor da engenharia mecatrônica da Poli e idealizador do projeto, explica o porquê desse diferencial estético: “Estamos focando na parte artística, porque hoje em dia muita gente que perde a mão e usa prótese tem vergonha da própria prótese, da deficiência.”

Professor Chi Nan Pai segura a estrutura metálica onde fica o motor, enquanto os cilindros coloridos são removíveis
Professor Chi Nan Pai segura a estrutura metálica onde fica o motor, enquanto os cilindros coloridos são removíveis [Foto: Vito Santos]
A ideia surgiu do professor de engenharia, que também é formado em medicina, e constatou uma falta de comunicação entre as áreas: “É aí que veio a ideia de fazer essa linha de pesquisa de equipamentos médicos para poder melhorar o sistema de saúde”. Além disso, ajudar pessoas que perderam o membro superior a voltarem ou se inserirem no mercado de trabalho também motivou o projeto.

Enquanto a parte funcional é responsabilidade dos engenheiros, a parte estética ficou a cargo das artes. Mônica Tavares é professora sênior da ECA, faz parte da pós-graduação de Artes Plásticas na escola, e recebeu contato de Chi Nan Pai para desenvolver o projeto. “Na verdade, essa prótese não vai só atender uma demanda utilitária, a ideia também é atender uma demanda artística, fazendo com que esse usuário venha a se sentir mais inserido dentro da sociedade, mais visto.”

Com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa avança, enquanto os protótipos são bancados pela associação Amigos da Poli, o que possibilita levar a tecnologia de fato para a sociedade. Apesar de hoje ser um modelo de alto custo, por ora os pesquisadores estão valorizando a alta qualidade, para depois serem produzidas próteses em maiores quantidades e implementadas no SUS.

Além dos professores, Juliana Henno, formada em desenho industrial pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e pós-doutoranda na ECA, colabora com a pesquisa e reitera a importância do projeto para a independência do usuário. “Essa prótese permite que a pessoa tenha uma autoria na configuração estética dessa superfície de revestimento.” Juliana também destaca a possibilidade de diversas combinações sem ter que comprar outras estruturas, apenas os cilindros. 

Mônica, além de pesquisadora, é a primeira usuária da prótese. Sem o antebraço esquerdo, a professora elogia a inovação por trás da tecnologia. “Acho que a prótese não vem como uma substituição do braço, pelo contrário, ela vem como algo que reitera, reforça a posição dessa pessoa na sociedade.”

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