Livro A rebelião dos manés lança luz sobre ataques do 8 de janeiro

Em obra provocativa, autores discutem a ascensão da direita radical no Brasil e a reconfiguração do discurso conservador

Registro de vandalismo, no dia 8/01/2023, sobre a obra do mineiro Alfredo Ceschiatti. [Imagem: Reprodução/Editora Hedra]

Lançado em abril deste ano, pela editora Hedra, o livro 8/1: A rebelião dos manés: ou esquerda e direita nos espelhos de Brasília propõe uma análise política do Brasil atual a partir dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Neste evento, bolsonaristas invadiram edifícios do governo federal, realizaram atos de vandalismo e depredações de patrimônio público, em busca de instigar um golpe contra o recém-eleito presidente Lula.

A autoria do livro é de Pedro Fiori Arantes, doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), Fernando Frias, formado em História pela USP, e Maria Luiza Meneses, formada em Ciências Humanas, Arte e História da Arte pela Unifesp. A obra conta com 184 páginas e pode ser adquirida pelo site da editora Hedra e pela Amazon, bem como por outras livrarias.

Um título provocativo

Meneses explica que o título do livro é uma referência a uma forma de autodenominação dos bolsonaristas: “Assim que Lula ganha a eleição de 2022, Barroso, presidente do STF, é importunado por um bolsonarista, ao qual ele disse: ‘Perdeu, mané. Não amola’. Ofendidos, mas também mobilizados, os bolsonaristas acolhem essa alcunha e passam a se denominar manés.”

Capa do livro, que traz fotografia da estátua “A Justiça”, em Brasília, vandalizada pelos atos golpistas. [Imagem: Reprodução/Amazon]
A escolha do título reflete ainda uma das temáticas abordadas no livro: a necessidade crescente da direita de produzir uma história sobre si. “Nossa principal fonte de repertório é sobre como eles estão buscando construir uma narrativa sobre o que é a extrema-direita e as suas possibilidades ao se propor como revolucionária”, completa Meneses.

Espelho no espectro político

A obra problematiza a inversão de papéis no jogo político, com a direita se tornando ativista e a esquerda rendida à manutenção da ordem do sistema. Arantes ressalta: “A direita, cada vez mais, assume uma capacidade de militância que, por muito tempo, foi característica da luta social do campo progressista. A direita tomar as ruas é algo novo, de dez anos para cá.”

Ao longo do livro, os autores investigam os modos como a extrema-direita brasileira reconfigura elementos estratégicos e estéticos da luta social radical. “Existe elaboração, mas existe muita cópia, sobretudo da direita norte-americana. Uma das referências, por incrível que pareça, está na esquerda, em como ela faz luta e revolução social. O 8 de janeiro, inclusive, é convocado usando ingredientes dos movimentos sem terra e sem teto”, dispara Arantes.

8/1 A Rebelião dos Manés: ou esquerda e direita nos espelhos de Brasília
Pedro Fiori Arantes, Fernando Frias e Maria Luiza Meneses
Editora Hedra
184 páginas
R$ 49,90

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