Colóquio no IF divulga reedição do livro A Ciência e a Hipótese

Instituto de Física da USP promove colóquio para divulgar e debater a reedição do livro A Ciência e a Hipótese, de Henri Poincaré

(Reprodução/Instituto de Física da USP)

No último dia 2 de maio, ocorreu, no Auditório Abrahão de Moraes, localizado no Instituto de Física da USP (IF), o colóquio A Ciência e a Hipótese. O evento faz parte das atividades de divulgação da nova edição do livro A Ciência e a Hipótese (1902), do matemático e físico francês Henri Poincaré, lançada esse ano pela editora Scientiae Studia. 

Com mesa diversificada, composta tanto por pesquisadores da área da física, como Felipe Prado e Ivã Gurgel (USP), quanto da filosofia, como Pablo Mariconda (USP) e Renato Kinouchi (UFABC), o colóquio teve como objetivo principal discutir de maneira generalizada a obra de Poincaré e, como o pesquisador Gurgel, do IF, fez questão de frisar logo no início do evento, explorar seu trabalho para além das chamadas “ciências exatas”, trazendo para o auditório o também largo estudo Poincaré no meio da filosofia: “Muitas pessoas não sabem, mas o Poincaré era o que chamamos de ‘cientista filósofo’ — alguém que através de sua prática com a ciência, conseguia extrair discussões e debates muito profundos sobre o mundo”. E a obra que dá nome ao colóquio consiste, como explicou a mesa, exatamente nisso: em uma compilação de ensaios científicos sobre temas como a mecânica, a geometria, e o eletromagnetismo, intercalados por outros textos que relacionam todas essas questões à prática filosófica. 

Escrito no final do século 19, em uma época de transição da física clássica para a moderna, o livro é o primeiro de Poincaré destinado ao grande público, e, como o título sugere, seu intuito é proporcionar reflexões sobre o papel da hipótese no ambiente científico, com textos que, para Gurgel, podem ser vistos como uma espécie de prelúdio do que seria a ciência nos anos seguintes. “Poincaré antecipa, de certa forma, os caminhos que a ciência tomaria, como a valorização do caráter hipotético, da criatividade e dos moldes ‘menos engessados’ no processo de pesquisa”, complementa o pesquisador.

 

Ilustração de Poincaré
[Imagem: Domínio Público / Dibner Library of the History of Science and Technology]

A Reedição do livro

Até 2024, a única versão de A Ciência e Hipótese comercializada no Brasil foi a promovida pela Universidade de Brasília (UnB), no ano de 1985, que atualmente se encontra esgotada nas livrarias nacionais, como explica o filósofo e pesquisador da USP, Pablo Mariconda – revisor da reedição atual do livro.  “Encontrar um exemplar dele passou a se tornar algo cada vez mais raro. Eventualmente, ele podia ser comprado em alguns sebos, mas sempre por preços extremamente elevados”.

Baseada nessa dificuldade de acesso ao trabalho de Poincaré no Brasil surgiu a ideia de uma nova edição, com intuito não só de colocar o livro novamente nas prateleiras do País, como também de corrigir, segundo Mariconda, certos equívocos presentes na versão da UnB: “Quando me foi apresentada a primeira proposta de reedição do livro, eu não gostei. Parecia muito o texto da edição da UnB e não sou fã dela. Ela comete alguns deslizes nas partes mais complicadas do texto, onde não poderiam haver deslizes, pois são deslizes científicos”.

Após três meses de rigorosa revisão, a nova versão da obra assumiu o formato pretendido por seus editores e foi, enfim, publicada pela Scientiae Studia, editora pertencente à associação filosófica de mesmo nome, fundada em 2004, por um grupo de pesquisadores e estudantes independentes. A reedição está disponível para venda e pode ser encontrada com facilidade no próprio site da associação.

Capa da reedição de “A Ciência e a Hipótese” (2024)
[Imagem: Divulgação / Scientiæ Studia]
A ciência e a hipótese
Henry Poincaré
Associação Filosófica Scientiae Studia
320 páginas
ISBN: 978-65-86595-15-4
R$ 80,00

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