
No último dia 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, o Centro de Estudos Ameríndios (CEstA) da Universidade de São Paulo (USP) sediou um debate sobre vivências indígenas na graduação e na pós-graduação. Reinaldo Macuxi e Eric Kamikiawa, doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS-USP) e convidados do evento, compartilharam com o público suas experiências ao saírem de suas comunidades de origem e entrarem na universidade. Dentre os principais temas abordados pelos pesquisadores estão as barreiras para a permanência no ambiente universitário e a falta de inclusão do pensamento indígena na produção científica.
Reinaldo é do município de Normandia, em Roraima, e pertencente aos Macuxi, etnia que habita a região de fronteiras entre o Brasil, a Venezuela e as Guianas. O doutorando é graduado em Gestão Territorial Indígena e mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). Apesar da experiência no mundo acadêmico, Reinaldo destaca a ausência de informações para o acesso ao sistema educacional como uma das maiores dificuldades em sua trajetória.
Além dos desafios no ingresso ao ensino superior, a falta de apoio à permanência nas universidades e a desconsideração dos saberes indígenas nas bases curriculares também se colocam como barreiras a serem enfrentadas. Eric Kamikiawa, do povo Kurâ-Bakairi, no Mato Grosso, e também doutorando do PPGAS-USP, aponta como caminho para a reformulação da academia o desenvolvimento de uma ciência plural, que dialoga com variadas formas de produção de conhecimento.
As percepções dos povos indígenas sobre cura, manutenção do meio-ambiente e relações equilibradas entre o homem e a natureza são de grande relevância, especialmente em meio a um contexto de intensas mudanças climáticas. O estudo das trajetórias indígenas também enriquece o cenário cultural do país, uma vez que os mais de 266 povos existentes no Brasil falam diferentes línguas e carregam seus respectivos costumes.
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