Um novo projeto de pesquisa em desenvolvimento no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP) busca atrair a atenção da população para um tema pouco debatido na esfera pública: a geodiversidade e sua conservação.
Com enfoque no litoral norte de São Paulo, a geóloga Laura Pereira Balaguer acredita que sua tese de doutorado, que vai trabalhar com a criação de um novo mapa geoambiental, deverá contribuir com a implementação da temática nas políticas públicas no estado.
Geodiversidade e preservação
Balaguer explica que enquanto a biodiversidade se refere à natureza viva, como a flora e a fauna, a geodiversidade compreende a porção não viva da natureza — diferentes tipos de rocha, formas de relevo, solos, recursos hídricos —, de forma que os dois conceitos se entrelaçam e compõem o que é chamado de diversidade natural.
“A geodiversidade está relacionada às atividades humanas em geral. Não só atividades econômicas, como a mineração, mas, também, à própria existência e distribuição da biodiversidade, em aspectos culturais e até mesmo atividades de lazer”, explica a doutoranda. “A biodiversidade só pode existir e se distribuir se a geodiversidade estiver ali para dar o suporte necessário.”
O projeto
Em entrevista à Agência Universitária de Notícias (AUN), Laura contou um pouco sobre o andamento do projeto, concebido em 2022. Segundo ela, o mapa geoambiental proposto pelo projeto funciona de forma a caracterizar a geodiversidade de 16 unidades geoambientais no litoral norte. “Ele integra informações referentes a tipos de litologia, solos, formas de relevo, tipos de aquíferos e depósitos inconsolidados, associadas a mapas de suscetibilidade a escorregamento e inundação”, explica a pesquisadora. “Essas informações associadas ao território permitem que se avalie as potencialidades e limitações em cada unidade geoambiental”.
A doutoranda também falou à AUN sobre outras tarefas desempenhadas, como as atividades de campo nos municípios de Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião, no litoral paulista.
A região foi escolhida justamente por estar inserida em dos estados mais urbanizados e industrializados do país, além de contar com diversas áreas protegidas. O interesse turístico na região, que contribui para a intensificação do processo de urbanização, e o fato de tratar-se de área costeira, considerada a temática de mudanças climáticas, também foram fatores relevantes.
“Para as próximas etapas estão previstos o levantamento de indicadores para monitoramento em locais de interesse geológico elencados previamente e a identificação e avaliação quantitativa dos impactos aos serviços ecossistêmicos providos pela geodiversidade”, comenta Balaguer.
O projeto tem apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e faz parte do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo (GeoHereditas), que atua com projetos na região do litoral norte e diversas outras do Brasil.
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