Ir a um hospital para fazer exames pode ser um momento de apreensão para muitas pessoas. A expectativa pelos resultados, por vezes sensíveis, e as dúvidas que surgem sobre os processos e cuidados que devem ser tomados antes, durante e após os procedimentos são questões que afetam diretamente pacientes e familiares. Assim uma boa comunicação com o hospital é essencial para esclarecer todos os pontos e reduzir a ansiedade. Foi pensando nisso, que o Laboratório de Pesquisa em Design para Saúde, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), realizou um projeto em parceria com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), visando melhorar a comunicação do Instituto de Radiologia, especialmente na área de exames clínicos de medicina nuclear.
O projeto Comunicação com pacientes em sua jornada de exames de medicina nuclear foi realizado entre setembro de 2021 e março de 2023. Ele teve como base um mapeamento sobre a jornada do paciente, que identificou as principais fragilidades que impactaram negativamente a experiência dos exames. De acordo com a professora Sara Goldchmit, docente do Departamento de Projeto da FAU e coordenadora do Laboratório, “as mais frequentes [fragilidades] estavam relacionadas à falta de entendimento sobre o preparo de alguns exames específicos e também dúvidas comuns referentes à modalidade médica.” Dessa forma, a iniciativa criou uma série de vídeos informativos, publicados no canal do YouTube do Instituto de Radiologia (InRad) do HCFMUSP que foram enviados no momento do agendamento dos procedimentos, via WhatsApp. Os vídeos também são exibidos na televisão da sala de espera dos atendimentos, garantindo o contato com a informação.
A equipe do projeto foi multidisciplinar e, ao todo, contou com oito pesquisadores que contribuíram cada um em suas áreas do conhecimento: Ivani Bortoleti Melo, Juliana Fabio Vecchia Heitor Naoki Sado; do InRad; Sara Goldchmit, do Laboratório Design para Saúde; Nina Hinohara Aso e Luiz Carlos Souza Junior, da FAU e Ana Julia Rocha Maciel e Eduarda dos Reis Ventura, da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP). A professora Sara Goldchmit comenta que todas as etapas do processo de produção dos vídeos foram colaborativas e aconteceram em várias rodadas de ajustes e avaliações, até a entrega do resultado.
“Primeiramente, a equipe de saúde produziu o conteúdo técnico, atualizado em relação aos protocolos de preparos de cada exame. O texto era então reelaborado na forma de roteiro para audiovisual, com linguagem simplificada para o público leigo, a equipe de saúde então validava o roteiro. Em seguida, a equipe de design discutia e criava os storyboards com o planejamento das ilustrações de cada cena, ainda na forma de rascunho, com o trecho da narração correspondente.”
Atualmente, o projeto se encontra na etapa de avaliação dos resultados. Um questionário é entregue aos pacientes e responsáveis no dia da realização dos exames, e visa a análise do impacto dos vídeos no esclarecimento de dúvidas e tranquilização para os procedimentos. Nessa etapa, os pesquisadores pretendem identificar se o projeto trouxe melhorias para a comunicação do hospital e se causou algum efeito nos índices de reconvocação ou suspensão de exames.
Além da parceria com o Instituto de Radiologia, o Laboratório Design para Saúde ainda tem colaborações com outros departamentos do Hospital das Clínicas. Atualmente há outros quatro projetos em andamento. Para a professora Goldchmit, o design e a saúde são áreas complementares para a melhoria da condição de vida humana. “Os métodos de design estão sendo muito difundidos atualmente, pois integram múltiplas perspectivas, gerando outros tipos de evidências que complementam os métodos científicos. Os desafios da área da saúde demandam essa capacidade de unir saberes e práticas, pessoas e tecnologias, com olhar atento aos diferentes contextos, de forma a alcançar melhores resultados e reduzir desperdícios.”
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